Religiosas e técnicas acolhem em Lisboa crianças e jovens com deficiência
Lisboa, 31 jan 2012 (Ecclesia) – O programa de ensino do Instituto da Imaculada, em Lisboa, onde cada ano letivo tem sempre mais do que 12 meses, dá prioridade à “persistência” aos “afetos” e à “espiritualidade” para crianças e jovens com deficiência.
“[Os alunos] fazem aqui a escolaridade desde a pré-primária, num percurso longo porque o ritmo não é o mesmo, tem de haver muita insistência”, explicou a diretora, irmã Ana Rosa do Espírito Santo, uma das sete religiosas Franciscanas da Imaculada que constituem a comunidade.
A reportagem publicada na edição de hoje do Semanário Agência ECCLESIA visitou o Instituto que acolhe crianças e jovens surdos-mudos, autistas e com problemas mentais, num total de 65 alunos, 22 dos quais permanecem de segunda a sexta-feira em regime interno.
O objetivo principal da instituição fundada há 76 anos é tornar cada jovem o mais independente possível, assinalou a irmã Ana Rosa, que sublinhou a sensibilidade dos estudantes aos estados de alma das religiosas: “Eles percebem tudo, se estamos tristes ou contentes, se somos amigos ou não. Isso só se aprende nesta escola de afetos”.
Em poucos metros passa-se do silêncio à gritaria, da serenidade ao alvoroço: os técnicos tanto estão na sala de relaxamento, onde estímulos auditivos, visuais e tácteis acalmam os alunos, como tentam responder aos lamentos e gritos lançados pelos jovens com paralisia total.
“Nenhum deles fala mas todos comunicam comigo e sei quando estão felizes”, contou a irmã Graça, que encontrou no Instituto a sua vocação: “Estas crianças são as mais necessitadas”.
Barro, tintas e colares, luzes, água e cores são algumas das opções recreativas que os jovens têm à disposição, sem esquecer a música: “Eles gostam de cantar e isso sente-se”, referiu a diretora, que aos 67 anos dirige uma equipa formada por 30 terapeutas, professores e auxiliares.
Quando a guitarra solta os primeiros acordes, os jovens que cantam nas missas perfilam-se para ensaiar, os braços seguem o ritmo e as vozes procuram o tom.
A irmã Esperança teve um sobressalto no dia em que conheceu estas crianças: “Quando entrei para religiosa e as ouvi a cantar a 186 vozes diferentes assustei-me, agora já sei como é”.
As religiosas preocupam-se por sensibilizar os alunos para a espiritualidade, ainda que muitos pareçam “alheios da realidade”: “Uma vez por mês há missa no Instituto e os que podem preparam-se na confissão para depois comungar”, disse a diretora.
A capela, pequena e silenciosa, guarda as preces dos jovens, pais e freiras, que rezam para que os “seus meninos”, quando deixarem o Instituto, “encontrem sempre quem os acompanhe” e se sintam “úteis” revelou a irmã Ana Rosa.
“Tentamos ser a imagem de Deus na terra, dando-lhes todo o afeto, porque apesar das limitações eles entendem como Deus é bom. E gostam”, acrescentou.
A ordem das Irmãs Franciscanas da Imaculada foi fundada no ano de 1876, em Espanha, por Francisca Pascual Domenech, estando hoje presente na Península Ibérica, Itália, Índia, Venezuela, Peru, Chile e Porto Rico.
O dossier da mais recente edição do Semanário Agência ECCLESIA é dedicado ao Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica assinala a 11 de fevereiro, data em que se evoca a aparição da Virgem Maria em Lourdes, França.
SN/RJM