As instituições de apoio social da Igreja podem entrar em ruptura se a situação social se continuar a degradar, admite o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O Padre Manuel Morujão, que falava no final de uma reunião do Conselho Permanente, reconheceu que esse é um risco na actual conjuntura de dificuldades.
“É um perigo. Certamente que os senhores Bispos têm recebido esses clamores para que não aconteça que não possam prestar o serviço urgente às populações mais necessitadas”, afirmou à RR.
Embora a situação não tenha sido analisada na reunião de Quarta-feira, o Padre Manuel Morujão garantiu que os Bispos estão atentos e esperam que o Governo seja sensível a estes pedidos de ajuda.
“Tem havido essas tentativas de sensibilização e, por isso, estamos esperançosos que o Governo as ouça e as possa acolher”, salienta o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa.
Os pedidos de ajuda têm aumentado e algumas instituições de apoio social também começam a ficar em dificuldades, alerta por seu lado o Bispo de Beja, D. António Vitalino Dantas.
O presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, em entrevista à Renascença, demonstra preocupação quanto à capacidade de resposta aos casos de carência e pobreza, devido ao risco de ruptura financeira de muitas das instituições.
“Hoje em dia já há muita gente sem conseguir pagar as suas prestações, por exemplo, nos infantários e nas creches e as instituições, para não serem apelidadas de anti-sociais, vão aguentando quase até ao limite”, explica.
D. António Vitalino compreende que a Segurança Social” não tem orçamento para poder aumentar os acordos”, mas o Estado tem de olhar para aos problemas que as instituições de apoio social credíveis enfrentam.
“A prioridade principal é que as pessoas não sejam abandonadas, que sejam estimuladas a encontrar o seu lugar na sociedade, a encontrar o seu trabalho, e se integrarem na família. Isso é o essencial”, defende.