Início de Pontificado com agenda carregada

Anel do Pescador e Pálio Petrino entegues na Missa de inauguração Após ter recebido esta manhã jornalistas de todo o mundo na Sala Paulo VI, Bento XVI prepara-se para um dos momentos mais simbólicos após a sua eleição como Papa. A Missa solene de inauguração do Pontificado terá lugar no amanhã, 24 de Abril, pelas 10h00 locais (menos uma em Lisboa). A cerimónia será celebrada na Praça de São Pedro. A cidade de Roma está a preparar-se para uma nova invasão de peregrinos, após a experiência vivida nas exéquias de João Paulo II, sendo aguardadas cerca de 500 mil pessoas. Da Alemanha são esperados cerca de 100 mil de compatriotas do novo Papa. A sala de imprensa da Santa Sé já anunciou que Bento XVI receberá, na segunda-feira, os peregrinos vindos da Alemanha em audiência, no Vaticano. A Missa será concelebrada pelos Cardeais e assinala o início do “ministério petrino” do Bispo de Roma. “A Igreja que está em Roma e nas várias partes do mundo é convidada a dirigir a Deus um filial agradecimento e súplicas fervorosas para obter ao Romano Pontífice copiosas graças no seu Ministério, para o bem de toda a Igreja”, refere a Santa Sé em comunicado oficial. Cerca de 110 delegações oficiais confirmaram a sua presença, entre as quais a do governo português, representado pelo primeiro-ministro José Socrátes e o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira. Bento XVI irá receber em audiência as delegações oficiais e os embaixadores acreditados junto da Santa Sé, logo a seguir à cerimónia. As autoridades de Roma estão a preparar um esquema de segurança semelhante ao das exéquias de João Paulo II para acolher os peregrinos e assegurar a tranquilidade dos visitantes e dos dignatários presentes. O espaço aéreo estará interdito entre as 08h00 e as 16h00 locais. Cerca de 7 mil membros de forças da ordem e 2 mil voluntários (muitos deles de língua alemã) estarão no Vaticano para encaminhar os peregrinos. Como a 8 de Abril, vários ecrãs gigantes serão colocadas nas praças de Roma. Uma das curiosidades desta cerimónia é que o Pe. Georg Ratzinger, irmão mais velho do novo Papa, estará presente em Roma. O irmão do Papa, de 81 anos, disse aos jornalistas ter a esperança de “poder continuar a falar directamente com o meu irmão pelo telefone, como sempre fiz”, apesar de reconhecer que um Papa não pode fazer “o que quer, quando quer”. Na segunda-feira está prevista outra saída, para a Basílica romana de São Paulo fora de Muros, pelas 18h30 (menos uma em Lisboa) junto do túmulo do Apóstolo Paulo. O Papa Bento XVI, que se inspirou no padroeiro do nome para a escolha do nome, quer assim homenagear São Paulo, missionário de todos os povos, “para exprimir a ligação inseparável da Igreja de Roma com o Apóstolo dos Gentios, juntamente com o Pescador da Galileia”. Insígnias Pontifícias A Missa de inauguração do Pontificado de Bento XVI, no próximo Domingo, será o momento em que lhe serão consignados o Anel do Pescador e o Pálio Petrino. O Anel do Pescador (Anulus piscatoris) faz parte das insígnias oficiais do Papa, sucessor do Apóstolo Pedro, pescador da Galileia. O Cardeal Camerlengo, D. Eduardo Martínez Somalo, colocará o anel na mão esquerda do novo Papa durante a cerimónia. Feito em ouro, o Anel do Pescador tem uma representação de São Pedro num barco, a pescar, o nome do Papa em volta da imagem. Este não é o anel que os Papas costumam utilizar na mão direita (anel conciliar, feito em prata). A primeira referência documental a esta insígnia aparece no ano de 1256, numa carta de Clemente IV a um sobrinho, na qual aquele declara que os Papas costumavam selar as suas cartas privadas com “o selo do Pescador”, enquanto os outros documentos se distinguiam pelas bulas. Desde o séc. XV a 1842, o Anel era utilizado para selar todos os documentos oficiais redigidos ou aprovados pelo Papa. Aquando da morte do Papa, o Anel é destruído com um martelo de prata pelo Cardeal Camerlengo, num gesto que hoje tem o significado de sublinhar que no período da Sé Vacante ninguém pode assumir prerrogativas próprias do Bispo de Roma. Ainda no Domingo, Bento XVI receberá o Pálio Petrino (faixa de lã branca com cruzes vermelhas, envergada pelo Papa). Trata-se de uma insígnia litúrgica de “honra e jurisdição” que é abençoada pelos Papas na solenidade de São Pedro e São Paulo, a 29 de Junho. Outros pálios são envergados pelos Arcebispos Metropolitanos nas suas Igrejas e nas da sua Província eclesiástica. No caso do Papa, simboliza a jurisdição universal do Sucessor de Pedro. Esta insígnia é feita com a lã de dois cordeiros brancos benzidos pelos Papas na memória litúrgica de Santa Inês, a 21 de Janeiro. Um dos cordeiros vai enfeitado com flores brancas, símbolo da virgindade da Santa, e outro com flores vermelhas, símbolo do seu martírio. Santa Inês, cujo nome latino (Agnes) se associa à palavra em Latim para cordeiro (agnus), está enterrada na basílica a ela dedicada, na Via Nomentana em Roma, e é para lá que são levados os cordeiros após a bênção papal.

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