A festa da Imaculada Conceição na diocese de Braga revestiu-se de uma importância particular porque marcou o início da contagem para a comemoração do centenário da coroação de imagem de Nossa Senhora do Sameiro, que se assinala em 2004. “Passaram-se 100 anos e nós queremos celebrar condignamente a data, mas teremos de nos preparar para isso, procurando dar como que um sentido para essas comemorações” – disse D. Jorge Ortiga referindo ainda que era importante que durante este ano que se avizinha “vivêssemos mais intensamente a fé e os valores cristãos”. O arcebispo de Braga exortou aos fiéis para colocarem uma nova coroa em Nossa Senhora com as «pérolas preciosas» das virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e das virtudes cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleça e Temperança). “Sejamos capazes de viver sempre com esperança, acreditando na presença e no amor de Deus, caminhando quotidianamente a caridade, sacrificando-nos pelos outros, procurando ter atitudes de prudência neste mundo onde tudo é precipitado e agitado, lutar pela justiça e pela igualdade, ter a coragem da fortaleza, carácter, personalidade para depois caminhar numa atitude de temperança no dia-a-dia para vivermos com serenidade, com calma e com paz” – sugeriu no decorrer da homília. O arcebispo defendeu que estas virtudes devem ser praticadas durante toda a vida e não só em certas ocasiões, realçando que é “apostando nos valores que poderemos ver este centenário da Coroação da imagem de Nossa Senhora do Sameiro”. “Muita gente pauta a sua vida pela auto suficiência, arrisca demasiado, não pensa, não é capaz de reflectir, não é capaz de interiorizar antes de tomar decisões”, disse o prelado, propondo uma vivência prudente, “não para nos parar, para nos impedir de caminhar e avançar, mas essencialmente para podermos caminhar com serenidade, com objectividade e com profundidade”. Perante os milhares de cristãos D. Jorge Ortiga falou ainda da crise económica do país, notando que e os seus efeitos (desemprego, perturbações sociais) tornam a vida das famílias mais complicada e geram como que uma sensação de desencanto pela própria vida. “Há muita gente desanimada, muita gente como que olhando para este mesmo pessimismo. Mas estou convencido que nós, os cristãos, deveremos também reconhecer que a grande crise da sociedade moderna é a crise dos valores” – concluiu.