Francisco concluiu obra de arte coletiva, que sublinha valor da diversidade
Jacarta, 04 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje na Indonésia com jovens que integram o seu projeto educativo global, ‘Scholas Occurrentes’, apelando à valorização do diálogo e da diversidade, para promover a paz e a justiça social.
“A vida deve ser vivida nas diferenças”, referiu, perante centenas de pessoas reunidas na Casa da Juventude “Grha Pemuda”, em Jacarta.
“A guerra é sempre uma derrota, a guerra entre nós é sempre uma derrota”, acrescentou.
Falando de improviso, Francisco destacou a importância de “caminhar juntos”, com a capacidade de acolher as visões dos outros.
“Ou fazemos a guerra, insultamos, falamos mal uns dos outros, ou apostamos na política da mão estendida, do abraço, do amor fraterno. É preciso ir sempre em frente dialogando, debatendo, mas juntos”, recomendou.
O Papa sublinhou a importância da unidade, na existência pessoal, para “pensar, sentir, agir e sonhar em harmonia”.
Uma das participantes, visivelmente emocionada, falou da sua experiência como professora e voluntária, elogiando a experiência de “tolerância” que encontrou no projeto das ‘Scholas’, como muçulmana.
A Indonésia, país com maior número de muçulmanos no mundo, tem cerca de 8,3 milhões de católicos, que representam 3% da população, segundo dados do Vaticano.
Outra intervenção apontou os problemas da discriminação e das desigualdades sociais, com um alerta contra o “bullying” e os conflitos ligados à religião.
Francisco agradeceu os testemunhos de quem “falou com o coração”, após repetir o gesto de concluir uma obra de arte coletiva, como fez em Cascais, em agosto de 2023.
O projeto ‘Hati Polyhedron’ procurou criar uma escultura que simbolizasse “o coração da Indonésia, refletindo a rica diversidade cultural do país”.
“Cada face do poliedro conta as histórias dos seus participantes, combinando educação, arte e tecnologia para simbolizar a forma como cada indivíduo contribui para uma comunidade global mais vibrante e significativa”, indicam os responsáveis das ‘Scholas’.
A obra de arte, que representa o lema nacional da Indonésia, “Bhinneka Tunggal Ika” (Unidade na Diversidade), envolveu um total de 1500 participantes, com três tipos de materiais – elementos naturais, elementos em tecido e elementos reciclados – para se alinhar com as mensagens ambientais das encíclicas do Papa Francisco.
O movimento educativo internacional lançado globalmente em 2013, por Francisco, chegou à Indonésia para alargar “a sua missão de transformar a vida dos jovens através de metodologias educativas inovadoras que incorporam a tecnologia, o desporto e as artes”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
Simbolicamente, a cerimónia encerrou-se com a plantação de uma árvore, uma espécie típica dos mangues na Indonésia.
Antes do encontro com os jovens, Francisco teve uma reunião privada com o Conselho de Administração de ‘Scholas Occurrentes’.
Este foi o último compromisso da agenda papal, que prossegue esta quinta-feira, com a visita à Mesquita Istiqlal em Jacarta, a maior do sudeste asiático, e a Missa no Estádio Gelora Bung Karno, em que se esperam cerca de 80 mil participantes.
Francisco é o terceiro pontífice visitar o arquipélago, depois de São Paulo VI em 1970 e de São João Paulo II em 1989.
A viagem mais longa do pontificado, que inclui 44 horas de voo, percorrendo mais de 32 mil quilómetros, tem passagens por Jacarta (Indonésia), de 3 a 6 de setembro; Port Moresby e Vanimo (Papua-Nova Guiné), de 6 a 9 de setembro; Díli (Timor-Leste), de 9 a 11 de setembro; e Singapura, de 11 a 13 de setembro.
Desde a sua eleição, em 2013, o atual pontífice fez 45 viagens internacionais, tendo visitado 61 países, incluindo Portugal (2017 e 2023).
OC