Arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar, D. John Barwa, está em Portugal para falar da minoria cristã num dos maiores países do mundo
Lisboa, 17 out 2012 (Ecclesia) – O arcebispo indiano D. John Barwa está em Portugal para chamar a atenção da Igreja e da sociedade para as dificuldades sentidas pela comunidade católica num dos maiores países do mundo, ameaçada pelo nacionalismo fundamentalista hindu.
“Somos cidadãos de segunda classe”, lamenta o responsável pela Diocese de Cuttack-Bhubaneswar, no Estado de Orissa, leste da Índia, uma das regiões mais pobres do país.
Para D. John Barwa os maiores problemas são criados pelo “crescimento do extremismo e do fundamentalista” dos que tentam “eliminar” as minorias religiosas e consideram a India como a “terra dos hindus”.
‘Um país, uma língua, uma religião’ é a filosofia que promove as perseguições aos cristãos, presentes neste subcontinente desde o século I.
“Esta é uma pequena minoria, que fala sempre a linguagem da violência e da injustiça”, afirma o religioso verbita.
O arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar observa, por outro lado, que muitos se sentem incomodados pelo trabalho social e educativo da Igreja, que não olha a “castas, credo, religiões ou cor da pele”.
Os cristãos representam pouco mais de 2 por cento dos mais de 1,1 mil milhões de habitantes da Índia e estão particularmente presentes nos estratos mais pobres da população.
“Os missionários e a Igreja permitiram que estas pessoas crescessem”, o que não foi “bem visto” pelas castas privilegiadas, revela D. John Barwa.
O Estado de Orissa implementou a chamada ‘lei anticonversão’, que tem impedido muitas pessoas de se batizarem e entrarem na Igreja Católica por implicarem um longo processo, inquéritos e autorizações de um magistrado.
“Quando as pessoas vão procurar essas autorizações, ninguém quer assumir a responsabilidade de as assinar. Todo o processo torna-se complicado”, lamenta o arcebispo, frisando que esta legislação apenas se aplica aos cristãos.
Orissa presenciou, em agosto de 2008, uma vaga de assalto de extremistas hindus a aldeias e cidades cristãs que provocou cerca de uma centena de mortos.
50 mil cristãos fugiram da região e praticamente 5 mil casas, igrejas e edifícios eclesiásticos foram destruídos.
Quatro anos depois dos incidentes, D. John Barwa diz que o regresso ao local é feito com “paz, harmonia” porque as pessoas estão “cansadas” da perseguição e da violência.
Este responsável diz, por outro lado, que a ação social e o exemplo de cristãos como Madre Teresa de Calcutá revelam o rosto de uma Igreja de “serviço massivo, dedicado” que interpela a maioria dos indianos.
O arcebispo está em Portugal a convite da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e vai proferir conferências na Covilhã (dia 21), Porto (24), Guimarães (26) e Arouca (27), após ter passado por Fátima e Lisboa.
OC