«O importante são os pequenos gestos»
Lisboa, 02 set 2016 (Ecclesia) – O português João Bacalhau conheceu a casa das Missionárias da Caridade em Tânger, Marrocos, e ficou “muito” impressionado com o seu “modo de vida” algo que despertou vontade de ir visitá-las a Calcutá, na Índia, e fazer voluntariado.
“Impressionou-me, quando cheguei à casa onde ia trabalhar, a quantidade de voluntários que havia. O que me ocorreu foi pensar o que estava ali a fazer se havia tantos para ajudar mas passado algum tempo percebemos que cada tarefa é importante e necessária”, conta à mais recente edição do Semanário digital ECCLESIA.
João Bacalhau que foi para a casa dos moribundos, “onde estão os casos terminais”, e para a dos idosos, passou muitas manhãs com “um balde” a fazer-lhes a barba ou a massajar-lhes os músculos “porque estavam sempre muito parados”.
“Pensamos sempre que vamos mudar o mundo mas não é assim”, percebeu o entrevistado com o passar dos dias, afinal, “o importante são as pequenas coisas, os pequenos gestos”.
A partir das conversas com outros voluntários o jovem português entendeu que as “pessoas andam em busca de algo” e em Calcutá encontrou quem não eram católico mas, mesmo em viagem com os amigos, “sentiam que deviam para ali, era quase transcendente”.
João Bacalhau ficou impressionado com a quantidade de voluntários que estavam com a religiosas e “chegam continuamente sem qualquer tipo de publicidade ou campanha nas redes sociais” para desempenharem “tarefas simples que se apresentavam tão importantes”.
“Há um fascínio” por visitar Calcutá, a casa de Madre Teresa, e até os doentes falam da futura santa: “Rezam-lhe e nas orações viram-se para a sua fotografia que está na parede.”
“Cheguei a falar com alguns doentes e diziam que não interessa a raça ou a religião. Deus é o mesmo e agradecem muito à Madre Teresa. Sentia-se muito esse respeito”, desenvolveu.
“Sei que não fui lá salvar nenhuma vida, sei que aquelas pessoas continuam na mesma situação mas enquanto ali estive ao fazer-lhe um carinho ou conversar estava a contribuir para a sua felicidade e para minorar o seu sofrimento”, acrescentou João Bacalhau.
Neste contexto, recorda que uma das suas tarefas era deitar os idosos e ficar um pouco com eles e a “sensação” era que estava a deitar bebés pela forma como “olhavam e gostavam” da sua presença.
O voluntário reconhece que podia ter feito o mesmo serviço noutro sítio, não era preciso ter ido para a Índia, depois da Jornada Mundial da Juventude de Madrid em 2011, mas na proximidade de Madre Teresa e da sua obra “as coisas têm outra dimensão, faz toda a diferença”.
A beata conhecida como “mãe dos pobres” vai ser canonizada pelo Papa Francisco este domingo, às 10h30 locais (menos uma hora em Lisboa), na Praça de São Pedro, no Vaticano.
João Bacalhau destaca que Madre Teresa “já era considerada” santa em Calcutá faltando apenas “oficializar”.
“Espero também que inspire mais jovens a passar por ali porque trabalho não falta. É uma obra que não é para visitar mas para viver”, acrescentou na entrevista ao Semanário digital ECCLESIA publicado hoje onde relembra que “foi um choque” chegar à Índia.
HM/CB