Índia: cristãos «tratados como animais»

Com 50 mil pessoas a viver em campos de refugiados, ou escondidas, os fundamentalistas tentam apagar todos os vestígios da presença cristã em Orissa. Chega-se a sugerir que uma freira atacada se case com o seu violador. A caminho de completar o segundo mês de ataques ininterruptos, a purga dos cristãos na Índia, em especial no Estado de Orissa, assume agora novos contornos. Com mais de 50 mil cristãos refugiados, fora das suas casas, grupos de fundamentalistas hindus estão a tentar apagar todos os vestígios da presença cristã nas aldeias. Casas e igrejas são queimadas e arrasadas. Linhas delimitadoras de terrenos privados são retiradas e os mesmos ocupados e divididos entre os agressores. Os poucos cristãos que permaneceram nas suas terras são obrigados a converter-se ao hinduísmo, sob ameaça de morte. Os que recusam são martirizados, os que sucumbem são obrigados a profanar bíblias e outros artigos sagrados, a agredir outros cristãos e, em alguns casos, a beber urina de vaca, considerada “purificadora” por alguns hindus. Enquanto isto, os relatos dos campos de refugiados são dramáticos. O Padre Ajay Singh, um dos poucos que conseguiram ter acesso a um dos campos, descreve da seguinte maneira a situação: “Os cristãos estão a ser tratados como animais. Recebem um cobertor por família, não existe qualquer sistema sanitário ou de higiene. Mais trágico é que nem sequer lhes é permitido rezar, estão constantemente a ser observados pelas forças de segurança. As mulheres estão particularmente vulneráveis, não recebem qualquer tipo de acompanhamento, e por isso a sua saúde emocional está a deteriorar-se rapidamente”, diz o sacerdote. As atrocidades cometidas contra os cristãos têm causado mais de 60 mortos. Num episódio, um casal terá sido intimado a rejeitar a sua religião cristã. O marido aceitou mas a mulher, grávida de sete meses, recusou, tendo sido por isso esquartejada pelos hindus. Há vários relatos de pessoas, incluindo crianças, regadas com gasolina e incendiadas. Um dos primeiros casos a merecer atenção mediática foi de uma freira atacada e violada. Contudo, cinco mil mulheres hindus ter-se-ão manifestado a exigir que a freira respeite os costumes tribais, e se case com o violador.

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