Incêndios: «Viveu para os outros e morreu pelos outros», afirmou o bispo de Bragança-Miranda no funeral de Adolfo Santos

Manobrador de máquinas morreu no combate aos incêndios, em Mirandela

Foto Agência ECCLESIA/FLS

Mirandela, 23 ago 2025 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda presidiu hoje à Missa Exequiel de Adolfo Santos, que morreu no combate aos incêndios, e afirmou na homilia que o manobrador de máquinas “viveu para os outros e morreu pelos outros”.

“Do Adolfo Santos permanecerá a viva recordação do seu serviço, no cuidado com a Casa Comum. Viveu para os outros e morreu pelos outros, por isso acreditamos que partiu transportado na força vitoriosa do amor de Cristo que de nós todos faz dom ao Pai para a comunhão dos Santos”, disse D. Nuno Almeida na Igreja Paroquial de Contins, no concelho de Mirandela.

Adolfo Augusto dos Santos, de 65 anos, morreu na última terça-feira, dia 19, quando manobrava uma máquina no combate aos incêndios, em Mirandela.

D. Nuno Almeida expressou a “profunda comunhão, amizade, conforto e paz” aos familiares e amigos de Adolfo Santos, nomeadamente a esposa, a filha e os netos.

“Era manobrador de máquinas e agricultor, tendo socorrido muitos incêndios. Sempre disponível em situações de necessidade, ajudou todas as corporações de Bombeiros da nossa vizinhança. Esteve também a operar no grande incêndio do Pedrogão”, referiu D. Nuno Almeida.

O bispo de Bragança-Miranda agradeceu a presença do presidente da República nas cerimónias fúnebres de Adolfo Santos, afirmando que “é significativa e reconfortante a sua presença”, para a família e para todos os habitantes da região.

“Em momentos assim, a proximidade, os gestos e palavras dão alento e esperança”, afirmou D. Nuno Almeida a respeito da presença de Marcelo Rebelo de Sousa, do ministro da Agricultura e Pescas, do presidente da Câmara de Mirandela, do presidente da Junta de Freguesia e das autoridades locais.

“Unidos manifestamos as mais sentidas condolências à família e amigos do nosso irmão Adolfo e agradecemos a sua coragem, generosidade e dedicação até ao extremo, demonstradas no combate aos incêndios”, afirmou.

Foto Pedro Sarmento Costa/EPA/Lusa

Lembrando que “é hora de estar unidos de mãos dadas com os Bombeiros, GNR, Autarcas e todas as entidades nacionais e locais que combatem os incêndios”, assim como de afastar “polémicas estéreis”, D. Nuno Almeida disse que é o momento de prestar “homenagem às vítimas mortais e suas famílias” e de “rezar feridos e por todos os que perderam os seus bens”.

“Não podemos esquecer, nas nossas preces e partilha, os familiares em tribulação, os Bombeiros, a GNR, a PSP, a Polícia Judiciária, os Autarcas e Proteção Civil, os nossos Governantes e todos os que generosa e valentemente arriscam a sua vida para salvar pessoas e bens”, referiu.

Na homilia da Missa, D. Nuno Almeida deixou também duas questões, no contexto da longa época de incêndios marca o verão deste ano.

“Porque se hesita e adia tanto em dar meios legais e financeiros às Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia para atuarem com eficácia na limpeza e ordenamento da floresta?, questionou.

D. Nuno Almeida acrescentou: “Não será possível investir, preventivamente, em “vídeo-vigilância florestal”, para que, localmente, se possa vigiar permanentemente a floresta, atacar o fogo logo no seu início e detetar presumíveis incendiários?”

Os incêndios de deflagraram em Portugal, nomeadamente na região Norte e Centro, a partir dos últimos dias de julho já causaram quatro mortos, incluindo um bombeiro, e três feridos com gravidade que se encontram em internamento hospitalar.

De acordo com os dados oficiais, já arderam 234 mil hectares em Portugal até ao dia 22 de agosto.

PR

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