Incêndios: «Que junto de Nossa Senhora da Agonia tenhamos presente o drama atual do nosso país», pediu bispo de Viana do Castelo

D. João Lavrador presidiu à Eucaristia da romaria, que se encerra hoje, tendo-se dirigido aos bombeiros e às populações afetadas pelos fogos

Foto Lusa, Arquivo

Viana do Castelo, 20 ago 2025 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo evocou hoje o “drama” dos incêndios em Portugal, deixando uma mensagem de solidariedade para com os bombeiros e populações atingidas, no final da Eucaristia na Romaria de Nossa Senhora da Agonia.

“Permitam-me – e penso que nenhum de nós está alheio – que junto de Nossa Senhora da Agonia tenhamos presente o drama atual do nosso país, que também já foi da nossa diocese, há poucas semanas, e que é de muitos países da Europa, o problema dos incêndios”, pediu D. João Lavrador, na celebração eucarística, celebrada diante do Santuário de Nossa Senhora d’Agonia, naquela diocese.

O bispo pediu a todos para terem presente “aqueles que pereceram, lutando pelo bem de todos”, lembrando o trabalho dos bombeiros.

“Vamos pedir pelas suas famílias e naturalmente uma ação de graças junto de Nossa Senhora das Dores e de Nossa Senhora da Agonia, por este trabalho tão intenso e tão sacrificado que os nossos bombeiros prestam às nossas populações”, exortou.

Os incêndios rurais em Portugal, que já duram desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, já provocaram três vítimas mortais e vários feridos, tendo destruído também total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação.

Segundo dados oficiais provisórios, até 20 de agosto arderam mais de 222 mil hectares no país, ultrapassando a área ardida em todo o ano de 2024, informa a Lusa.

Viana do Castelo está em festa desde 12 de agosto, dia em que se iniciou a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia, tendo sido promovido um conjunto de atividades que chegam hoje ao fim.

Na homilia da Eucaristia, D. João Lavador refletiu sobre o que Maria traz à humanidade: “Maria vem ao nosso encontro e vem-nos oferecer o que de mais valioso, hoje, Ela continua para nos dar, o seu Filho Jesus Cristo”.

“Ele é uma Pessoa concreta. É uma Pessoa que tem história e que marca a história. Ele deixa-se encontrar e, por isso, é que, a partir da Sua presença na história da humanidade, Ele revela a própria novidade”, salientou.

Segundo D. João Lavrador, é nesse sentido que todos são “chamados a caminhar”.

“Nós olhamos para o nosso mundo e certamente reconhecemos que algo de novo temos que edificar. E digo nós porque somos todos nós. Naturalmente, com os olhos postos em Maria”, indicou.

O bispo diocesano convidou a olhar para Maria, uma “simples donzela, “que empenhando todo o seu ser, numa resposta total ao dom de Deus e ao seu projeto, abre o horizonte de uma humanidade”.

“Por isso estamos aqui hoje. E outros estarão, se nós, como Maria, também nos abrirmos ao projeto de Deus e lhe dissermos nosso sim, e se deixarmos tanto de estar a equacionar as capacidades, ou não, da nossa própria pessoa e a confiar muito mais, como fez Maria, no amor de Deus”, assinalou.

D. João Lavrador aludiu à dor que Nossa Senhora continua a assumir hoje com todos, “de todo aquele que na verdade, queira ser construtor de uma nova humanidade e cria tanto sofrimento”.

“Não vale a pena alhearmo-nos. Nós não edificamos algo de profundo, duradouro, algo de humanamente estável, capaz de oferecer ao homem a plenitude da sua própria realização, se nós não assumirmos”, declarou.

“Por isso, o convite que Ele faz aos discípulos é realmente de assumirem na sua vida a cruz, que é a cruz do amor. E por isso, Em Maria, esta dor não é a dor física […] Mas é a dor do amor. A dor de uma mãe que vê o seu filho ser sacrificado pela verdade, pelo amor, pela entrega, pela salvação”, desenvolveu o bispo diocesano.

No final da homilia, o bispo de Viana do Castelo impeliu todos a não ter medo.

“O amor vencerá tudo aquilo que é contrário. O amor é como o Espírito que queima, que transforma, que purifica”, realçou, fazendo depois referência à esperança, tema do Jubileu 2025.

“Que nós saibamos realmente caminhar como peregrinos da esperança, alicerçados no amor, porque é uma esperança que não nos pode iludir. Eu penso que é a melhor manifestação da nossa parte, em termos de gratidão à Nossa Senhora”, desejou.

As festas em Viana do Castelo nasceram da devoção dos pescadores que do mar avistavam em terra a igreja da Senhora d’Agonia, a quem pediam proteção; em situações normais, como momentos altos destacam-se as procissões à cidade, onde a imagem da Senhora d’Agonia, acompanhada de outros andores, percorre as ruas de Viana, e a Procissão ao Mar.

Depois da solene celebração da Eucaristia, o programa da Romaria da Senhora d’Agonia inclui a Procissão ao Mar e, pelas 18h00 está previsto um Sunset no Anfiteatro da Marina.

À noite, pelas 21h30, está marcado um concerto musical da Banda Velha de Barroselas, na Praça da República.

Devido ao prolongamento da situação de alerta em Portugal, a  VianaFestas adiou para data a definir o fogo-de-artifício da Romaria Senhora d’Agonia.

LJ/PR

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