Incêndios: Provedor da Santa Casa de Pedrógão Grande elogia generosidade dos portugueses

João Marques abriu a porta da instituição para acolher pessoas e serviços e aponta para a reconstrução

Pedrógão Grande, 21 jun 2017 (Ecclesia) – O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande, um dos centros de acolhimento de apoio à população, considera necessário “mobilizar muitos mais recursos para apoiar os sobreviventes”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, João Marques afirma que “depois das chamas se apagarem” é preciso manter a atenção sobre as necessidades das populações.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande explica que são precisos mais recursos de apoio social, psicológico e médico para ajudar as pessoas, sendo também preciso apoio na alimentação e “realojamento das pessoas que ficaram sem casa”.

“Há casas devolutas no nosso concelho, há que identificá-las e falar com os proprietários para porem ao dispor de quem necessita”, acrescenta.

Neste contexto, o responsável adianta que a Santa Casa já recebeu contacto de pessoas que “têm casas de férias, de fim de semana ou mais do que uma casa no concelho” a disponibilizarem-se para alojar “graciosamente” quem perdeu as habitações que nos incêndios que deflagraram a 17 de junho.

O fogo começou numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande (Distrito de Leiria, Diocese de Coimbra), e alastrou-se aos municípios vizinhos de Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, provocou até ao momento 64 mortos; há também mais de 160 feridos a registar e 150 famílias desalojadas.

É com a voz embargada que João Marques revela, no meio da dor, orgulho pela solidariedade porque as pessoas “têm sido extraordinárias” no espírito de entreajuda.

“Todos os portugueses, temos tido manifestações de apoio de solidariedade incríveis, de empresas, instituições, comunicação social, pessoas anónimas. Somos um povo bom, os portugueses são boas pessoas”, realça.

Para o provedor da misericórdia de Pedrógão Grande é necessário “reconstruir rapidamente as casas queimadas”, apoiar quem perdeu empregos, afinal, “muitas fabricas fecharam, toda a indústria da madeira que era a principal está destruída” e “cortar a madeira queimada” é para uns meses deixando depois de haver trabalho.

O entrevistado não estava em Pedrógão Grande no sábado e recorda que, quando chegou, encontrou um cenário assustador que pelos relatos tudo aconteceu “com uma rapidez que apanharam toda a gente de surpresa e não preparada para uma tragédia”.

Recuando no tempo, relembra “fogos com grande dimensão” no concelho com muitos hectares ardidos em 1991, 2001 e 2005, mas sem “vítimas humanas a lamentar, foi terrível, é indescritível e impar”.

Foi nesse cenário considerado “inexplicável” que a Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande disponibilizou as instalações para acolher os serviços do centro regional da Segurança Social de Leiria, Cruz Vermelha, polícia marítima” e outras instituições, para além de disponibilizar os seus 130 funcionários, o pessoal de saúde – enfermeiros, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais – ao serviço da população.

João Marques conta ainda que ali alojaram pessoas que perderam as casas e, principalmente, “pessoas que foram evacuadas das aldeias”, com o pico a acontecer na noite de domingo para segunda-feira quando receberam “mais de 170 pessoas”.

“Pusemos equipas no terreno a distribuir água, leite, alimentação, e dar apoio mais direto e premente que julgamos e sentimos ser necessário”, conta ainda.

A Conferência Episcopal Portuguesa anunciou hoje que as dioceses católicas vão promover um peditório nacional, a 2 de julho, para ajudar as vítimas dos incêndios.

HM/CB/OC

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