Incêndios/Pedrógão Grande: Depois de uma «serenidade doentia», as pessoas «estão a sentir o que aconteceu»

Cáritas está a constituir «grupos de escuta» com voluntários para acompanhar as populações afetadas pela tragédia de Pedrógão Grande

Pedrógão Grande, 17 jul 2017 (Ecclesia) – A responsável da Cáritas Diocesana de Coimbra em Pedrógão Grande afirmou hoje à Agência ECCLESIA que “o estado emocional das pessoas tem vindo a degradar-se”, após uma “serenidade doentia”, e disse que estão a constituir “grupos de escuta”.

“Nas primeiras semanas havia uma serenidade doentia, porque não era normal as pessoas manterem alguma serenidade. Neste momento as pessoas estão a ficar com um estado emocional mais degradado”, disse Mariana Figueiredo.

Para a responsável da Cáritas que coordena as ajudas no terreno desde a tragédia do dia 17 de junho de 2017, as pessoas “estão a sentir o que aconteceu e dar -se conta da perda que houve”.

Mariana Figueiredo referiu que “é imperioso” o encaminhamento para as equipas de psicólogos e psiquiatras que estão no terreno e disse que a Cáritas está a mobilizar “grupos de escuta” para acompanhar os habitantes da região.

“Os grupos de escuta são voluntários, da Pastoral Universitária ou grupos de seminaristas e pré-seminaristas, por exemplo, que estão junto das pessoas para as ouvir. Vão para o terreno, dispersos pelas paróquias para estar juntos pelas populações e ouvi-las”, adiantou.

Mariana Figueiredo valorizou os grupos de escuta como uma “via não formal” para criar proximidade com todos os habitantes.

A coordenadora da Cáritas em Pedrógão Grande referiu também que as pessoas estão a verificar com agrado que a presença e as ajudas não ficaram circunscritas às primeiras semanas após a tragédia.

“As pessoas estão a dar conta que vai haver a permanência dos poios a nível social, mantendo-se também no terreno o apoio emocional e psicológico”, sustentou Mariana Figueiredo.

O incêndio em Pedrógão Grande deflagrou no dia 17 de junho de 2017, alastrando-se a Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, nos dias seguintes.

A tragédia fez 64 vítimas mortais, provocou mais de 200 feridos, matou mais de 1500 animais, afetou perto de 500 casas e gerou cerca de 20 milhões de prejuízos na agricultura, nomeadamente pelos 43.228 hectares de espaços florestais que arderam em apenas nove dias do mês de junho, nos distritos de Coimbra e Leiria.

PR

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Agência ECCLESIA

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