Organização católica empenhada no realojamento de quem perdeu a sua casa
Lisboa, 22 jun 2017 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa quer manter a atenção da sociedade sobre o problema dos incêndios e anunciou hoje a realização de um colóquio sobre o tema, em julho.
“É preciso perceber que corresponsabilidade é que todos temos na prevenção destas situações”, disse Eugénio Fonseca, em entrevista ao Programa ECCLESIA (RTP2).
A iniciativa vai retomar a nota pastoral ‘Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios’, divulgada pela Conferência Episcopal Portuguesa em abril.
No documento, os bispos católicos denunciam o “flagelo” dos incêndios e pediu a toda a sociedade que se mobilize para contrariar uma “chaga” de “proporções quase incontroláveis”.
A Cáritas Portuguesa vai ainda promover um encontro com as suas congéneres de territórios que “foram recentemente alvo de tragédias” em várias zonas da Europa, como a Itália, para trocar experiências e formas de atuação, sobretudo em zonas desertificadas, como é o caso das que foram atingidas pelo incêndio que este sábado deflagrou em Pedrógão Grande.
Eugénio Fonseca sublinhou que a instituição católica está comprometida fase “mais decisiva”, a do realojamento, que visa “respeitar a dignidade das pessoas” atingidas pela tragédia.
O projeto inclui a ideia de “apadrinhamento da construção das casas ou das empresas que a Cáritas vier a assumir”, com o apoio de várias personalidades públicas, procurando que estas sejam “fator de mobilização” solidária.
“O importante é que as casas sejam devolvidas às pessoas, o mais depressa possível, e os postos de trabalho”, sublinha o presidente da Cáritas Portuguesa.
O responsável admite que estes processos são “morosos”, num território muito extenso que vai ser necessário “reordenar”.
“O financiamento não vai ser difícil, o que vai ser difícil é limpar todos os terrenos, depois perceber onde ficam localizadas as casas, porque as pessoas vão querer certamente regressar ao seu espaço anterior, e desenharam-se projetos”, precisa.
Para Eugénio Fonseca, as pessoas que perderam a sua casa “devem ser envolvidas” no processo, privilegiando-se também “construtores da zona”.
A prioridade vai para situações “de maior carência, vulnerabilidade”, contando com a participação das câmaras municipais, nomeadamente na elaboração de projetos e licenciamentos, das seguradoras dos imóveis, caso existam, e os donativos recolhidos pela Cáritas.
Neste momento prossegue, no terreno, o “levantamento de necessidades”, que têm sido respondidas com a ajuda da “solidariedade extraordinária dos portugueses”.
“Tragédias com estas proporções são dramáticas”, sublinha Eugénio Fonseca.
A primeira resposta passou pela recolha de vestuário, com “toneladas de donativos”, entrega de colchões e por assegurar a alimentação dos animais que sobreviveram.
“Nos incêndios de 2016 estivemos, durante muito tempo, a sustentar 25 mil cabeças de gado com a ajuda dos portugueses e vamos também acionar já esse mecanismo”, referiu o presidente da Cáritas.
Para este responsável, é fundamental manter a atenção pelos “legítimos interesses das pessoas” assim que acabar a fase de maior “mediatismo”.
Eugénio Fonseca defende também a necessidade de mostrar aos portugueses o que foi feito com o dinheiro dos seus donativos.
Os incêndios que atingiram as populações de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos e outras zonas de Portugal Continental levaram a Cáritas Portuguesa a avançar com a abertura de uma conta solidária para apoiar todas as vítimas dos incêndios.
A conta 'Cáritas com Portugal abraça vítimas dos incêndios' tem o número 0001 200000 730 e o IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54, na Caixa Geral de Depósitos.
A Cáritas Portuguesa, com a ajuda de seis Cáritas diocesanas, conseguiu recolher uma “verba própria” no montante de 450 mil euros.
PR/OC