Incêndios: Cáritas de Portalegre-Castelo Branco revela relatório final do apoio, após tragédia de Pedrógão Grande

Presidente Elicídio Bilé pede «atenção cuidada» ao poder político para que um caso como este «não se repita no futuro»

Portalegre, 03 set 2018 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco concluiu a sua intervenção junto das populações atingidas pelo incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, que implicou o apoio direto a 96 famílias e a reconstrução de 16 casas, num montante de cerca de 468 mil euros.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o presidente daquele organismo católico frisa “a esperança de que tudo aquilo que falhou” há um ano, no combate às chamas, “não se repita no futuro”.

Para Elicídio Bilé, é fundamental uma “atenção cuidada”, por parte das instâncias políticas, às zonas mais atingidas pelas chamas, neste caso para “as populações do interior”.

E garantir “que o ordenamento florestal sejam uma das prioridades” em termos de orçamento de Estado, para que se previnam as “catástrofes a que todos os anos assistimos”.

O ano de 2017 é considerado o período mais trágico em Portugal no que toca a incêndios, marcado por dois eventos particularmente dramáticos.

Em primeiro lugar, o incêndio de Pedrógão Grande, a 17 de junho, que alastrou a vários outros concelhos do Distrito de Leiria, e aos distritos vizinhos de Castelo Branco e Coimbra, e provocou 66 mortos e mais de 250 feridos; mais tarde, os incêndios de outubro na zona centro do país, que tocaram os distritos de Coimbra, Viseu, Aveiro e Guarda, e provocaram 49 mortos e perto de 70 feridos.

De acordo com o relatório hoje divulgado, a Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco, em ligação com as autoridades locais, começou por prestar apoio de emergência às populações atingidas, nomeadamente na angariação e distribuição de “bens de primeira necessidade” como “água, leite e alimentos”.

Após um levantamento mais efetivo das necessidades, e a partir das solicitações que iam chegando das comunidades, aquele organismo partiu para uma ação mais efetiva no terreno, com recurso ao Fundo ‘Cáritas com Portugal, abraça vítimas dos incêndios’, que entretanto tinha sido aberto a nível nacional.

Com base nas “estimativas de custos iniciais”, a Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco retirou do referido fundo 562 761,55 euros.

“Desta verba, utilizámos 467 695,06 euros, na reconstrução e apoios assumidos. Utilizámos 5 por cento desta verba para as despesas decorrentes da gestão deste projeto, a que corresponde 23 384,75 euros. O remanescente, 71 681,84 euros, será devolvido ao Fundo gerido pela Cáritas Portuguesa, caso não sejam utilizados em situações ainda não detectadas, relacionadas com os incêndios de 2017 e 2018”, explica Elicídio Bilé.

No total, a Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco “apoiou diretamente 96 famílias” e “assumiu o compromisso na reconstrução de 16 casas”.

O mesmo organismo comprometeu-se ainda na recuperação de “equipamentos para 2 empresas, de 39 currais e anexos agrícolas e, a mais 39 famílias, na reconstrução de muros, vedações e condutas de água”.

Agora que este processo está concluído, a Cáritas da diocese raiana sublinha a importância de todo o trabalho em rede que foi efetuado, e que envolveu várias câmaras municipais, empresas de construção civil e o contributo de outras congéneres da Cáritas, “de Portugal e de Espanha”.

A institiuição agradece ao bispo de Portalegre-Castelo Branco que, através do “incentivo e conforto que transmitiu”, ajudou a “levar a bom porto esta missão”.

“Com os fogos florestais do verão de 2017 e as mortes que provocou, mais do que a morte das vítimas (humanas, fauna e flora), morreu um pouco da esperança de quem vive no interior do país, triste, envelhecido, desertificado”, aponta Elicídio Bilé, que reforça a necessidade de nunca esquecer esta tragédia, imortalizada pelas “imagens fotográficas e auditivas” transmitidas através dos media.

O responsável espera que essa memória sirva para finalmente lutar mais por “um modelo de sociedade que o povo português anseia e merece”.

Uma sociedade “assente nos princípios do Bem Comum, do Destino Universal dos Bens, da Solidariedade, da Solidariedade, da Subsidiariedade e dos valores fundamentais da vida social: a Verdade, a Liberdade e a Justiça”, conclui o presidente da Cáritas de Portalegre-Castelo Branco.

JCP

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