Inaugurada exposição «SOS Igreja» em Braga

Protecção do património tem de ser obrigação de todos Todo e qualquer cidadão tem de se sentir obrigado à preservação do património histórico e cultural. Esta foi a ideia central deixada ontem pelos responsáveis do projecto Igreja Segura, na inauguração da exposição “SOS Igreja” que vai permanecer patente ao público, até 25 de Setembro, na igreja de S. Paulo, em Braga. Na abertura do certame, que pretende informar os visitantes sobre como fazer a preservação e segurança da arte-sacra, o Arcebispo de Braga expressou, por isso, o interesse que a diocese tem em acolher aquela exposição. D. Jorge Ortiga espera que a mesma funcione como elemento didáctico e de sensibilização das paróquias para que adiram ao projecto e assegurem uma mais efectiva preservação patrimonial. «A importância desta exposição está no objectivo fundamental que o projecto Igreja Segura assume e que se revela em menos furtos a igrejas e na conservação preventiva do imenso património religioso mas também histórico e cultural dos nossos templos », afirmou o prelado. Na sessão inaugural, em que participaram cerca de duas dezenas de pessoas, D. Jorge Ortiga enumerou aquilo que considera serem «dois cancros» do património: a criminalidade e a incúria. Se muito se fala já da criminalidade, o Arcebispo de Braga alerta para o facto de nas paróquias nem sempre haver o cuidado necessário na protecção do património histórico e artístico. Para que a consciência cresça de forma a uma mais efectiva protecção do património, D. Jorge Ortiga defende uma aposta na formação, não só dos padres, membros dos conselhos económicos paroquiais ou zeladoras das igrejas, mas todos os cidadãos. O prelado revelou ainda o facto da igreja de S. Paulo ter sido a escolhida como igreja-piloto do projecto Igreja Segura. Segundo D. Jorge Ortiga tal escolha recaiu sobre a avaliação de factores estruturais, históricos e geográficos daquele templo da cidade de Braga. Assim sendo, a igreja de S. Paulo é a maior igreja-salão (com uma só nave) da cidade, com uma acústica invejável e com a maior densidade de talha de primeira qualidade numa só igreja de Braga. Outra das razões estruturais prende-se com o facto daquele templo possuir um órgão de tubos raro nas igrejas, porque permite a execução de música Romântica (séc. XIX) e não só a Barroca. No capítulo das razões históricas, D. Jorge Ortiga apontou aos presentes que a igreja de S. Paulo está ligada ao Infante D. Henrique – possuindo o seu escudo – e a D. Frei Bartolomeu dos Mártires, sendo ainda a primeira igreja da Companhia de Jesus, em Braga. Existem ainda razões de ordem geográfica. Neste grupo reside o facto da igreja de S. Paulo estar situada num círculo patrimonial central da cidade de Braga, a curta distância da Sé Catedral, da Torre Medieval, do Museu Pio XII, da igreja de S.ta Cruz e da Casa dos Coimbras. «Esta igreja não foi escolhida ao acaso», reiterou o Arcebispo de Braga, acrescentando que a mesma «tem uma função importante» no contexto da cidade de Braga. Por último, D. Jorge Ortiga apelou para que toda a população e os responsáveis paroquiais sejam sensibilizados para visitarem a exposição, assim como para que os mecenas possam surgir e apoiar os necessários restauros que a igreja de S. Paulo ainda carece: «se esta exposição responder aos anseios, ganhará a cultura em Portugal, a Igreja e a cidade de Braga» Exposição é o eixo visível da “Igreja Segura” O director do Instituto de Polícia Judiciária e Ciências Criminais afirmou na abertura da exposição que a mesma era «o eixo mais visível do projecto “Igreja Segura”». Teodósio Jacinto indicou que antes de Braga, a exposição esteve patente nas dioceses de Coimbra, Portalegre, Lisboa (duas vezes) e Loulé. O projecto envolve um total de nove entidades, de entre as quais se destaca a Polícia Judiciária, a Comissão Episcopal dos Bens Culturais da Igreja, o Instituto Português de Conservação e Restauro e a Associação Nacional dos Municípios Portugueses. Teodósio Jacinto não tem dúvidas em afirmar que, por onde passou a exposição, «os resultados mostram que foram cumpridos os objectivos». Aquele responsável avisou que muitas das vezes, quando uma peça de arte é roubada, a PJ sente muitas dificuldades em localizá-la porque não existe um inventário ou uma simples fotografia da mesma. O director do instituto referiu que a exposição, por onde passa, cria uma ou mais igrejas modelo em cada diocese que possam ser de exemplo para o que é preciso fazer por todas as outras. A nível interno, Teodósio Jacinto garante que o projecto Igreja Segura «é muito importante para a PJ», concretamente na formação de novos inspectores. Por último, também este responsável apelou para que a conservação e segurança do património fosse uma responsabilidade de todos os cidadãos.

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