Impressionante, como sempre

Octávio Carmo, Agência Ecclesia

Fátima voltou a ser o altar do mundo, na peregrinação internacional de maio. Centenas de milhares de peregrinos encheram a Cova da Iria, uma multidão surpreendente em jornada laboral, que voltou a mostra a força da fé e da devoção a Nossa Senhora em tantos países, nos quais Portugal é a terra abençoada pela visita da Virgem Maria em 1917.

O ambiente que se vive nestas peregrinações é sempre impressionante, remetendo-nos para a nossa pequenez perante a impossibilidade de contar ou sequer compreender todas as histórias que se misturam no recinto, em volta da imagem venerada na Capelinha. Há mais, muito mais, do que conseguimos perceber apenas pela observação no local ou das fotografias que correm o mundo, durante as procissões de velas ou do adeus.

Há sempre quem – do alto da sua ‘superioridade intelectual’ – tente ridicularizar tudo aquilo que se vive na Cova da Iria, troçando das convicções de milhões de pessoas, remetidas para a ‘ignorância’, a ‘crendice’ ou a ‘superstição’.

Os tempos são diferentes e a reação pública dos católicos já não é hoje aquela que seria há alguns anos, pelos mais diversos motivos, mas há abordagens ao fenómeno de Fátima que é preciso não deixar passar em claro, mormente quando são pagas com dinheiro dos contribuintes. A liberdade religiosa não implica a imposição de privilégios para determinada fé, na sociedade, mas exige que se respeite o espaço público a que as comunidades crentes têm direito.

O confronto, no entanto, é insuficiente para criar as pontes necessárias para a compreensão recíproca e acredito que muito do que se diz ou escreve sobre as peregrinações e a devoção a Nossa Senhora carece de um elemento fundamental, que é o contacto direto com os seus protagonistas e a capacidade de se colocar no lugar do outro, de perceber as suas motivações, os seus dramas, as suas alegrias, tudo aquilo que está por detrás do seu choro, do seu cansaço, do seu sacrifício, da sua caminhada.

Fátima é de Portugal mas é também do mundo, ultrapassa-nos e, na verdade, está para lá daquilo que conseguimos perceber. Por mais ‘dias 13’ que se vivam, tem sempre a capacidade de se renovar, de ser nova, como disse D. António Marto no final da peregrinação de maio, e de impressionar os que lá se encontram, pelos mais diversos motivos.

Octávio Carmo

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