Associação de Imprensa de Inspiração Cristã foi recebida pelo Presidente da República para discutir crise no setor
Lisboa, 25 abr 2020 (Ecclesia) – A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) e a Associação Portuguesa de Imprensa (API) foram recebidas pelo Presidente da República que chamou a Belém os responsáveis por diferentes áreas da comunicação social, na véspera do dia da liberdade para discutir a crise no setor.
“Quando um jornal fecha as portas num concelho, a democracia sai prejudicada assim como a comunidade que serve. Nunca foi tão importante uma imprensa regional ativa, com qualidade, que a temos, que sempre assumiu as suas responsabilidades; há bons projetos regionais e fechando a porta à democracia, acabam os jornalistas por não ter acesso ao mercado de trabalho”, sublinha Paulo Ribeiro, presidente da AIC à Agência ECCLESIA.
Desde o início da crise económica, decorrente das medidas de confinamento para combater a pandemia do Covid-19, 30 jornais suspenderam a sua publicação, indica o responsável, que dá conta de uma inventariação feita diariamente.
Se fecha um jornal, “é a coesão social que fica em causa”, para além da ligação à diáspora.
“Nesta altura os jornais regionais têm ganho muita procura, em especial no digital, por causa da diáspora que quer informação sobre como as suas gentes estão a viver”, indica.
Ao abrigo da lei da publicidade institucional, Lei nº 95/2015, que estabelece “as regras e os deveres de transparência a que fica sujeita a realização de campanhas de publicidade institucional do Estado, bem como as regras aplicáveis à sua distribuição em território nacional, através dos órgãos de comunicação social locais e regionais”, uma “batalha encetada pela AIC, que saudamos que finalmente vai ser aplicada à generalidade do setor”, o Governo vai disponibilizar 15 milhões de euros para ajudar a ultrapassar a crise na comunicação social.
O mercado da imprensa regional, “se somarmos a indústria adjacente, como paginadores, técnicos de vendas, para além dos jornalistas e editores, é muito superior ao que é gerado por títulos de expansão nacional”, traduz Paulo Ribeiro, que assinala, por isso, a insuficiência do valor apresentado.
Dos 15 milhões que o governo quer disponibilizar, 25% desse valor será atribuído à comunicação regional, e, dentro desse montante, 13% destinado à imprensa.
Paulo Ribeiro precisa ainda que 7% serão para os jornais e revistas impressas e 6% será para o digital.
O presidente da AIC precisa que “a lei tem procedimentos a seguir”, mas que a AIC, “partindo de uma base solidária para com os semanários, mensários, quinzenários” garante que “também os títulos mais pequenos vão receber ajuda pelo serviço que prestam às suas comunidades”.
Perante a crise, regista o responsável, muitos títulos migraram para o digital que não acompanha, em termos publicitários, os mesmos números que permitam a impressão dos jornais.
“A publicidade aqui é muito baixa e o acesso é tendencialmente gratuito, e nesse sentido há muitos jornais que diminuíram o nº de páginas para conter custos e é este o panorama”, indica.
Paulo Ribeiro fala ainda de “empresas e jornais que recorreram ao lay-off, esperando que possam retomar depois a sua atividade”, mas indica, sem garantias.
“Nada garante que venham a retomar a sua atividade, e temo que, quanto mais tempo passar sem haver formas de mitigar a crise, mais probabilidade haverá de os jornais não terem forma de abrir portas”, lamenta.
O presidente da AIC sublinha ainda a “resiliência” da imprensa regional.
“Sempre vivemos com dificuldade e de uma maneira ou outra sempre a ultrapassamos, resistimos e lutamos. Vamos superar com fé e confiança, na certeza de que juntos vamos continuar a encontrar soluções em prol das comunidades que servimos”, enfatiza.
Paulo Ribeiro nota ainda a “atenção particular com a imprensa regional” do Presidente da República, “sempre muito bem informado” e com “disponibilidade para acolher as propostas que a AIC tem e está ainda a estudar para mitigar os efeitos da crise na imprensa regional e temática.
LS