Preocupação das organizações católicas ligadas à imigração A dificuldade em encontrar as melhores soluções para os imigrantes em situação irregular no nosso país preocupa o Fórum de Organizações Católicas para a Imigração(FORCIM), que ontem marcou presença numa conferência promovida pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) dedicada ao tema “A Europa e os Centros de Detenção para Imigrantes”. “Há uma grande falta de centros de acolhimento para imigrantes em Portugal e isso leva-nos a debater o tipo de modelo que se deve implementar”, refere à Agência ECCLESIA Rosário Farmhouse, directora do JRS-Portugal. Depois de o Centro de Acolhimento Temporário de São João de Deus, em Sintra, ter fechado, os vários parceiros envolvidos são agora confrontados com falta de soluções. Actualmente no nosso país há apenas 4 centros de instalação temporária, as chamadas zonas de trânsito, instaladas nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada para requerentes de asilo ou imigrantes em situação irregular. O drama coloca-se na ausência de respostas: as opções são o afastamento do nosso país ou a prisão, pela falta de documentação, sendo colocados junto de quem cometeu homicídios ou furtos, por exemplo. “É muito angustiante a pessoa estar detida pelo facto de não ter papéis, muitas vezes depois de ter sido enganada com falsas promessas e documentos”, assinala a directora da JRS-Portugal. Centros de detenção não são solução O JRS convidou Renaud De Villaine para explicar quais os malefícios dos chamados “centros de detenção” de imigrantes, requerentes de asilo e refugiados, embora os mesmos ainda não existam no nosso país. Apesar da lei portuguesa já prever a criação de centros de instalação temporária, os mesmos não estão programados para o curto/médio prazo de acordo com as últimas indicações dos governantes. “Está provado que os centros de detenção não solucionam os problemas dos ilegais, é uma ilusão pensarmos que o Estado pode evitar a vinda de mais imigrantes através desse meio”, aponta Rosário Farmhouse. O trabalho do JRS no resto da Europa leva-o a alertar que o número de pessoas que pretende pedir asilo no Velho Continente e acaba na prisão é cada vez maior. O JRS afirma, nos seus estudos mais recentes, que aqueles que procuram asilo na Europa permanecem presos em centros fechados, nos quais não há liberdade de movimento, ou em centros abertos, mas nos quais a atmosfera é tão restritiva que “mais parecem prisões”. Os governos de alguns países usam este método para desencorajar os imigrantes que usam o asilo por motivos económicos, ou simplesmente para se demonstrarem fortes perante o seu eleitorado. O Serviço Jesuíta alerta para a necessidade de se salvaguardarem, sempre, o direito à saúde, à informação, às visitas e ao apoio jurídico. O JRS tem como missão “acompanhar, servir e defender” os direitos das pessoas refugiadas e deslocadas à força, em qualquer parte do mundo. Hoje está presente em 70 países. Nos países lusófonos, exerce a sua acção em Portugal, Angola, Brasil e Timor Leste.