«Purificar» a devoção mariana foi uma das preocupações da visita A visita às povoações remotas dos montes algarvios foi o ponto mais alto da presença da imagem peregrina de Fátima na paróquia de Cachopo, diocese do Algarve.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o pároco, Pe. Flávio Martins, relatou o encontro da imagem com populações envelhecidas, constituídas por "meia dúzia" de habitantes, que moram e trabalham em lugares onde um carro "leva uma eternidade" a chegar.
"Às vezes, notava as pessoas um pouco desiludidas, desanimadas, porque estão longe de tudo e de todos, e ninguém se lembra delas", referiu o pároco. A visitação aos lugares mais isolados da paróquia motivou o contentamento dos seus habitantes, não só pela presença da imagem, mas também pelo facto de a Igreja se ter lembrado deles.
A imagem peregrina de Fátima esteve na paróquia de Cachopo entre 20 de Junho e 4 de Julho. A freguesia, que conta com aproximadamente 800 pessoas, localiza-se serra algarvia. Os habitantes mais novos trabalham no litoral, regressando ao fim-de-semana. Cerca de um terço da população participa nas missas dominicais. Desde há 14 anos que um casal serve de ligação entre a paróquia e as pessoas que vivem isoladas nos montes.
"Excesso" de devoção mariana
A necessidade de transformar a devoção mariana num meio para aumentar a ligação a Cristo, é uma das preocupações do bispo da diocese, D. Manuel Quintas, que se reflectiu nas intervenções do Pe. Flávio.
"Eu acho que há o perigo de uma tão grande devoção, que esquecemos o objectivo essencial da visita", referiu o pároco de Cachopo. "Há uma grande ligação a Maria, passando muito despercebido quem é Jesus Cristo"; "Nossa Senhora é importante, mas ainda mais importante será o seu filho, e é para ele que ela nos aponta" acrescentou.
"Quando chegávamos com a imagem, as pessoas referiam-se a ela como ‘a nossa santinha'", afirmou o Pe. Flávio, para quem é muito importante tentar "purificar" a devoção mariana.
Depois da visita
O Pe. Flávio acredita que a passagem da imagem poderá aproximar da Igreja algumas das pessoas que estão afastadas: "o mais importante não é que todas se convertam; mas se houver alguém que se converta, já fico muito satisfeito."
Quando há missas "por intenção", a mobilização é rápida; mas à excepção dessas ocasiões, "é muito complicado", em parte porque as pessoas "não têm modos de vir à comunidade paroquial". "E eu não acredito que em 15 dias se consiga mudar o que está incarnado nas pessoas", concluiu.
Ciclo de conferências marianas
De 14 a 17 de Julho, D. Manuel Madureira Dias, bispo emérito do Algarve, intervirá num ciclo de conferências marianas. Os encontros ocorrerão em Tavira, na Biblioteca Álvaro de Campos.