Ao II Concílio do Vaticano (1962-65), o Papa argentino já se referiu inúmeras vezes. Em todas as suas intervenções, a palavra de ordem é prossegui-lo. Uma resposta aos saudosistas e aos que dizem que esta assembleia, convocada por João XXIII, estava congelada.
Ao II Concílio do Vaticano (1962-65), o Papa argentino já se referiu inúmeras vezes. Em todas as suas intervenções, a palavra de ordem é prossegui-lo. Uma resposta aos saudosistas e aos que dizem que esta assembleia, convocada por João XXIII, estava congelada. O concílio está ainda longe de se encontrar largamente aplicado.
A grande «revolução» da Igreja está ainda por concretizar, na fidelidade ao Evangelho que é contrário a qualquer ideologia e na abertura para não ser uma Igreja fechada em si e doente. Quando Bento XVI fez 86 anos (16 de abril de 2013), o Papa Francisco recordou o empenho de Ratzinger na aplicação do concílio, um evento que é para ser vivido mais do que celebrado. Há quem queira recuar ao passado, disse Bergoglio, que logo de seguida se interrogou: «Após 50 anos, fizemos tudo o que nos foi dito pelo Espírito Santo no concílio?».
Falando de continuidade, o Papa Francisco utilizou a palavra de Bento XVI, no discurso de 20 de dezembro de 2005 à Cúria Romana, sobre “a hermenêutica da continuidade que se opõe à da ruptura teorizada pela Escola de Bolonha” (Cf. Manuel Augusto Rodrigues, In: Correio de Coimbra; 25 de abril 2013; página 7).
Por onde passa, o «furação» argentino deixa sementes conciliares. Os ricos textos de Francisco projetam luz para a renovação da Igreja e o «aggiornamento» do II Concílio do Vaticano a exigir constantemente uma atenção especial aos sinais dos tempos num mundo globalizado e extremamente complexo. Quando esteve no Brasil, o Papa Bergoglio deixou marcas indeléveis. “As intervenções e os atos em que tomou parte, imbuídos de profundo enraizamento inaciano e franciscano e reveladores da sua proveniência latino-americana, merecem uma leitura e reflexão atentas” Cf. Manuel Augusto Rodrigues, In: Correio de Coimbra; 01 de abril 2013; página 7).
Os documentos conciliares, desde a «Lumen Gentium» e da «Dei Verbum» até à «Gaudium et Spes» são o alicerce sobre o qual assenta o pensamento do Papa, adaptado evidentemente aos tempos que correm. Com palavras bastante duras no encontro com o CELAM, Francisco atacou o abuso de poder na Igreja, a mentalidade de «príncipes» entre os cardeais, o carreirismo e a distância imposta pelos bispos aos fiéis. A Igreja está “atrasada” e mantém “estruturas caducas”. Nos seus improvisos, Francisco deixou claro que é preciso mudar sem perder dogmas e valores. Estas palavras fazem-me recuar 50 anos e ler os testemunhos dos padres conciliares. Francisco convida a reler, visitar e viver os textos saídos do II Concílio do Vaticano…
LFS