II Concílio do Vaticano: Uma autêntica revolução copernicana

Quando faltam poucos quilómetros para o encerramento da maratona conciliar, os documentos começam a surgir com mais frequência. Os trabalhos começaram em 1962 com o Papa João XXIII e encerraram em 1965 com o Papa Paulo VI.

Quando faltam poucos quilómetros para o encerramento da maratona conciliar, os documentos começam a surgir com mais frequência. Os trabalhos começaram em 1962 com o Papa João XXIII e encerraram em 1965 com o Papa Paulo VI.

Quando se celebra o cinquentenário desta assembleia magna, convém recordar a mudança que o II Concílio do Vaticano colocou no horizonte dos cristãos.

Em relação à constituição conciliar «Lumen Gentium (LG )», o teólogo português, Manuel Moreira Costa Santos, considera que este documento representa, no campo da eclesiologia, uma autêntica “revolução copernicana”.

Um dos padres conciliares, entre outros pontos, descreve-a assim: “ontem, a Teologia afirmava o valor da hierarquia; hoje, descobre o povo de Deus”. Antes era dominante o modelo de Igreja como “sociedade perfeita”; agora um “novo clima espiritual pelos movimentos de renovação litúrgica, bíblica e ecuménica fazem emergir um novo modelo que responde à questão: «Igreja, que dizes de ti mesma?»”.

À imagem do concílio de Jerusalém pelo "Espírito Santo e nós", surge um novo modo de a Igreja compreender-se, a primeira grande síntese eclesial: uma nova imagem e uma nova consciência eclesial.

O concílio responde à questão não com uma definição, mas com uma pluralidade de imagens de Igreja, complementares (LG 6), que na “inadequação radical” da linguagem, servem para dizer o “mistério” da Igreja. Esta existe em formas históricas, suas expressões parciais, que, numa “dialética de complementaridade, se abrem para outras formulações do mistério, “realidade cheia da presença divina e sempre capaz de novas investigações” (Paulo VI).

O conteúdo da «Lumen Gentium» mostra a arquitetura que o mantém. Em primeiro lugar, a constituição está delimitada entre o que se refere à origem e ao fim da Igreja: o mistério da vida trinitária. Da vontade de Deus Pai " de elevar os homens à participação da vida divina" (LG 2), surge um "povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (LG 4) em peregrinação "até que todos os povos tanto os que ostentam o nome cristão, como os que ainda ignoram o Salvador, se reúnam felizmente, em paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade” (LG 69).

A Igreja, num processo iniciado pelo Concílio e jamais conclusivo deverá ser, sempre mais, sinal da “união com Deus e da unidade do género humano”. Desta unidade, a Igreja é testemunha, que torna presente (visível) o ausente (invisível).

LFS

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