É um nome incontornável da história do catolicismo do século XX. Faleceu, no passado mês de outubro, o cardeal eslovaco Ján Chryzostom Korec, com 91 anos. Este bispo emérito de Nitra foi testemunha da dramática época das perseguições do regime na então Checoslováquia e conheceu o cárcere e o isolamento.
É um nome incontornável da história do catolicismo do século XX. Faleceu, no passado mês de outubro, o cardeal eslovaco Ján Chryzostom Korec, com 91 anos. Este bispo emérito de Nitra foi testemunha da dramática época das perseguições do regime na então Checoslováquia e conheceu o cárcere e o isolamento.
Nascido em janeiro de 1924, Ján Chryzostom Korec entrou na Companhia de Jesus em setembro de 1939 e recebeu a ordenação sacerdotal a 1 de outubro de 1950. Pouco tempo depois (24 de agosto de 1951) recebeu a ordenação episcopal na clandestinidade. Com o fim das perseguições, a 06 de fevereiro de 1990 foi nomeado bispo de Nitra e a partir daquele ano, até 1993, foi também presidente da Conferência Episcopal eslovaca. No consistório de 28 de junho de 1991, João Paulo II criou-o cardeal com o título dos santos Fabiano e Venâncio.
Quando decorreu o II Concílio do Vaticano (1962-65), este bispo ordenado clandestinamente foi um exemplo vivo, mas sofredor do que é ser cristão num regime agreste. A perseguição contra o cardeal Korec iniciou-se em 1949 “com a tomada do poder pelos comunistas na Checoslováquia. Momento crucial, que ele definiu «A noite dos bárbaros» foi a madrugada de 14 de abril de 1950”, lê-se no jornal «L´Osservatore Romano», 29 de outubro de 2015, Nº 44.
Nessa data, todas as ordens religiosas foram suprimidas e no final desse mesmo ano a Igreja praticamente ficou paralisada. Os bispos foram “encarcerados ou postos em prisão domiciliária” e “três mil padres diocesanos foram presos”. Durante esse período, denominado pelo ministro dos assuntos eclesiásticos da altura, «A Igreja na Checoslováquia está de joelhos», o cardeal Ján Chryzostom Korec trabalhou nove anos numa fábrica. “Desempenhou assim a sua missão episcopal na clandestinidade sem ser descoberto e continuou-a também depois na prisão e da condenação a 12 anos de cárcere, no dia 11 de março de 1960”, refere o mesmo órgão de comunicação.
Depois de libertado por uma amnistia geral, em 1968, saiu da prisão doente e tuberculoso. Para sobreviver trabalhou como varredor de ruas de Bratislava e depois numa fábrica de alcatrão.
Não obstante a idade avançada e os problemas de saúde continuou a ser considerado uma autoridade espiritual e moral de toda a sociedade eslovaca, a tal ponto que, em 2014, pelos noventa anos, os correios daquele país dedicaram-lhe um carimbo postal comemorativo. Reuniu recordações e reflexões sobretudo no livro «A noite dos bárbaros».
LFS