II Concílio do Vaticano: «Transferências» e novos bispos no episcopado português (I)

Quando entrou, a 30 de janeiro de 1966, na Diocese do Algarve, D. Júlio Tavares Rebimbas (Bunheiro, Murtosa, 21 de Janeiro de 1922 – Porto, 6 de Dezembro de 2010) deixou vários apelos e as suas palavras “comoveram profundamente muitos sacerdotes e fiéis algarvios”.

Após o encerramento do II Concílio do Vaticano (dezembro de 1965), num curto período de tempo (23 de janeiro a 28 de fevereiro de 1966) foi assinalado pelo fato de seis bispos portugueses terem tomado posse de seus novos cargos, o que pode ser interpretado como sintoma e esperança de renovação pastoral.

Quando entrou, a 30 de janeiro de 1966, na Diocese do Algarve, D. Júlio Tavares Rebimbas (Bunheiro, Murtosa, 21 de Janeiro de 1922 – Porto, 6 de Dezembro de 2010) deixou vários apelos e as suas palavras “comoveram profundamente muitos sacerdotes e fiéis algarvios” (Boletim de Informação Pastoral – Ano VIII – Nº 46-47 – Página 58). “Eu quero ser, irmãos, e queria que vós pudésseis sempre ver em mim, como é a vontade de Deus, não um senhor, mas o vosso servo”, disse o bispo.

Nesta apologia de serviço, D. Júlio Tavares Rebimbas prometeu estimular os algarvios da sua “condição cristã a darem-se à atividade apostólica e missionária”. Através desta dimensão, o bispo do Algarve compreende as “fraquezas” dos católicos e também as suas “porque eu também as tenho”, sublinhou o prelado quando entrou na diocese mais a sul de Portugal. “Somos homens de Deus ao serviço dos irmãos. Porque somos homens e não anjos, temos fraquezas inerentes à condição humana e havemos de ter, mutuamente, inteligência e coração capazes de entender, perdoar e amar sempre”.

Finalmente, D. Júlio Tavares Rebimbas referiu-se ao problema “número um da Diocese do Algarve, a falta de clero” (Boletim de Informação Pastoral – Ano VIII – Nº 46-47 – Página 58). Nas suas palavras, o prelado salientou que “a linha atual dos problemas da Diocese do Algarve, por vários que sejam, toma a sua forma mais destacada na falta de sacerdotes”. É este um “problema chave”, paradoxalmente causa e efeito de muitos outros. Conforme for “debelado crescerá a vida cristã e, aumentando esta, crescerão os sacerdotes”, desejava D. Júlio Tavares Rebimbas.

Com cerca de 315 mil habitantes, “dos quais se declaram católicos 311 mil e 62 sacerdotes”, a diocese algarvia vivia com poucas vocações sacerdotais. Esta relação de número é “esclarecedora e é motivo de meditação para os que na diocese são responsáveis e para todos os cristãos. E é apelo de sentido conciliar, permanente estender de mãos, a quantos, fora dela, são responsáveis pela Igreja em Portugal”. Na próxima semana falaremos de outras «entradas» nas dioceses portuguesas. 

LFS

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