II Concílio do Vaticano: Teimosia ou intuição de fé?

Quando o II Concílio do Vaticano começou «a mexer com a vida da Igreja e a impressionar o mundo», o bispo de emérito de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César, andava por terras de missão, em Moçambique. Segundo se ouvia da Comunicação Social, a iniciativa era devida, para uns, «à teimosia» do Papa João XXIII e, para outros, «à sua intuição de fé».

Quando o II Concílio do Vaticano começou “a mexer com a vida da Igreja e a impressionar o mundo”, o bispo de emérito de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César, andava por terras de missão, em Moçambique. Segundo se ouvia da Comunicação Social, a iniciativa era devida, para uns, “à teimosia” do Papa João XXIII e, para outros, “à sua intuição de fé”.

Numa conferência, na última Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada e intitulada «A Igreja à luz do Concílio. Olhar retrospetivo», D. Augusto César disse aos participantes que pela “continuidade do que veio a acontecer”, não se duvida que “foi mesmo pela sua intuição de fé”.

Como a fé “tem outro modo de pensar”, o prelado referiu que o II Concílio do Vaticano ganhava “alento e dava sinais dum discernimento amplo e bem ponderado”. Segundo o orador, a Igreja pôs-se a olhar para “sim mesma e para a missão que lhe fora confiada” e também para o mundo “que se mostrava grávido de desejos incontidos, de promessas ambiciosas e de outras aventuras”.

Apesar de ter 50 anos de vida, para o bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, o II Concílio do Vaticano continua “vivo” e os cristãos ainda não o aprofundaram “suficientemente”, disse à Agência ECCLESIA.

A respiração do Concílio deu azo “a excessos e a sonhos descontrolados”, à semelhança de quem viaja nas “auto-estradas, com ânsia de chegar depressa e longe… deixando no esquecimento as pessoas que moram ao lado ou para além das bermas protegidas”, acentuou e exemplifica: “celebrações improvisadas ou mesmo desprovidas de verdadeira unção espiritual; uma certa empatia em relação à moda; algum desafeto pelo sagrado e, ainda, alguma sedução pela autonomia laica, contagiando o interior da família e a comunidade”.

Apesar dos excessos, D. Augusto César frisa também que este acontecimento convocado por João XXIII e que teve o seu início em outubro de 1962, despertou um entusiasmo “fecundo pela Palavra de Deus… pela Doutrina Social da Igreja… pela celebração da fé conscientemente assumida… por um ardor apostólico exercitado ao perto e ao longe… e pela oração mais assídua, que fecundava toda esta sementeira”.

Este bispo que foi também missionário em África revelou que, naquele continente, desenvolveram-se três aspectos “achados mais importantes: o catecumenato assumido e praticado com responsabilidade, em muitas missões; a formação de catequistas feita em centros apropriados e o conselho pastoral dos anciãos que estimulava a vivência comunitária e a boa prática dos sacramentos”.

Em relação à Europa, D. Augusto César – nascido em Celorico de Basto (Braga), em 1932 – aponta também algumas áreas onde as directivas do II Concílio do Vaticano foram notórias: catequese da infância (só agora se vai recuperando a catequese dos adultos); ministérios laicais e ordenado (nestes, valorizando o diaconado permanente), a liturgia mais participada e atraente (à conta da música sacra bem cuidada) e, ainda, uma certa acção social atenta às pessoas mais necessitadas das paróquias.

LFS

 

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