Segundo o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, a «Sacrosanctum Concilium» é, “indiscutivelmente”, o fruto maduro de uma história mais que centenária, que “viu convergir as insistências provenientes do mundo da investigação teológica, histórica, bíblica e litúrgica, assim como da antropologia e da arqueologia, da experiência litúrgica da tradição monástica e da paciente ação pastoral de muitos responsáveis no ministério”.
O primeiro documento conciliar foi a Constituição «Sacrosanctum Concilium», publicado a 04 de dezembro de 1963 no encerramento da segunda sessão do II Concílio do Vaticano (1962-65). Segundo o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, a liturgia é a primeira “grande escola permanente da fé e da vida espiritual”.
Para o prelado que é também professor de liturgia na Universidade Católica Portuguesa (UCP) a «Sacrosanctum Concilium» é, “indiscutivelmente”, o fruto maduro de uma história mais que centenária, que “viu convergir as insistências provenientes do mundo da investigação teológica, histórica, bíblica e litúrgica, assim como da antropologia e da arqueologia, da experiência litúrgica da tradição monástica e da paciente ação pastoral de muitos responsáveis no ministério” (In: «Liturgia, a primeira escola da fé»; Carta Pastoral por ocasião do Ano da Fé)
Apesar desta consideração, D. José Cordeiro realça que às vezes chega a pensar que a liturgia “é a dimensão que mais se esbanja na Igreja”. “Para muitos, a liturgia deixou de ser uma fonte da qual se bebe a água pura e bela do mistério e um vértice que se deseja alcançar e passou a ser um problema que se deve resolver”, acrescentou.
O sucessor de João XXIII – o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano – afirmou, no discurso de clausura da 2ª sessão conciliar (04 de dezembro de 1963), que “não ficou sem fruto a discussão difícil e intrincada, pois um dos temas – o primeiro a ser examinado e o primeiro, em certo sentido, na excelência intrínseca e na importância para a vida da Igreja – o da sagrada liturgia, foi felizmente concluído”.
O aprofundamento teológico da natureza da liturgia cristã é apresentado pela Constituição «Sacrosanctum Concilium», que se articula em 7 capítulos com 130 números. Até se chegar ao resultado final o documento sofreu grandes alterações. A comissão preparatória da Sagrada Liturgia presidida a princípio pelo cardeal G. Cicognani e depois pelo cardeal A. Larraona, preparou um esquema de constituição, com um proémio e oito capítulos. Este esquema, elaborado nos princípios de 1962, foi examinado pela Comissão Central do Concílio durante a quinta reunião (28 de março a 3 de abril) e enviado aos padres conciliares em junho seguinte.
O texto foi apresentado ao Concílio a 20 de outubro de 1962, debatido da 3ª à 18ª Congregação Geral, corrigido pela Comissão Litúrgica, sujeito por capítulos à votação, modificado segundo as propostas dos padres, e votado pela primeira vez em 22 de novembro de 1963, na 73ª Congregação Geral. Dos 2178 votantes, 2158 votaram «placet» (Sim). No dia 25 do mesmo mês foi anunciada a promulgação para o dia 04 de dezembro, dia do encerramento da segunda sessão conciliar. A votação realizada na presença do Papa Paulo VI teve o seguinte resultado: 2151 votantes; 2147 «placet»; 04 «non placet». Fica na história como o primeiro documento nascido do II Concílio do Vaticano.
LFS