A paróquia de Milheirós de Poiares (Diocese do Porto) vai homenagear, este sábado, D. Sebastião Soares de Resende, primeiro bispo da Beira (Moçambique) nos 50 anos da sua morte. Na sessão comemorativa, D. Carlos Azevedo, D. Augusto César, monsenhor Sebastião Brás e o padre Joaquim Teles dão testemunho desta figura da igreja portuguesa que participou ativamente no II Concílio do Vaticano.
A paróquia de Milheirós de Poiares (Diocese do Porto) vai homenagear, este sábado, D. Sebastião Soares de Resende, primeiro bispo da Beira (Moçambique) nos 50 anos da sua morte. Na sessão comemorativa, D. Carlos Azevedo, D. Augusto César, monsenhor Sebastião Brás e o padre Joaquim Teles dão testemunho desta figura da igreja portuguesa que participou ativamente no II Concílio do Vaticano.
Na mesma tarde procede-se, depois, à colocação de uma coroa de flores junto à estátua de D. Sebastião Soares de Resende, situada no largo da Igreja de Milheirós de Poiares, e às 17:00 dá-se o descerramento da pintura a óleo de D. Sebastião Soares de Resende, do pintor António Macedo.
Natural de Milheirós de Poiares, D. Sebastião Soares de Resende nasceu em 1906 e faleceu a 25 de janeiro de 1967. O prelado fez uma intervenção no II Concílio do Vaticano (1962-1965) sobre a introdução ao esquema «A Igreja e o mundo moderno». Durante as quatro sessões, este bispo português natural de Milheirós de Poiares (Santa Maria da Feira) foi um dos mais interventivos e sempre incisivo nas observações que fazia.
Na sua intervenção sobre o texto «De Ecclesia in mundo hujus temporis», o bispo realça que o mundo, “sobretudo o não cristão”, reconhecerá a Igreja “se ela se lhe apresentar como a Igreja pobre”. Ela não deve “ser apenas a Igreja dos pobres, mas também a Igreja pobre”. Todavia – acrescenta o prelado – ela “não será pobre se nós não professarmos a pobreza, nas palavras e sobretudo nas obras”.
Na sua intervenção, o padre conciliar coloca algumas questões pertinentes em relação às vestes eclesiásticas e às pedras preciosas que estes utilizam nos cerimoniais. “Para quê tanto ouro e tantas pérolas no nosso peito e nas nossas mãos? Para quê o solidéu, a manteleta, a capa magna vermelha, roxa e purpúrea? Para quê tantas dignidades na Igreja, que não foram instituídas por Cristo Senhor?”, lamentou D. Sebastião Soares de Resende.
Defensor da Justiça em favor dos “mais fracos e oprimidos”, o bispo da Beira promoveu a “educação da juventude das missões com milhares de escolas primárias” e idealizou para aquele país lusófono uma sociedade “integrada de raças e cidadãos iguais, perante a lei, apesar das diferenças”.
Sagrado bispo da Beira em 1943, no aniversário da sua tomada de posse na diocese moçambicana (8 de dezembro) dirigia uma pastoral ao seu rebanho “sempre repleta de conteúdos doutrinários e incidindo muitas vezes em aspetos concretos que denunciavam injustiças e deficiências” – (in: “Resistência Católica ao Salazarismo – Marcelismo).
LFS