O cardeal Frings, arcebispo de Colónia (Alemanha) não hesitou em falar do “escândalo” que “causavam no mundo”, os métodos empregues pelo «Santo Ofício». Nessa intervenção, a 7 de novembro de 1963, o cardeal alemão pedia para que, no futuro, “ninguém pudesse ser julgado nem condenado sem ter sido primeiramente ouvido, advertido das acusações pendentes contra si e convidado a corrigir-se”
Antes do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-65), o Papa Paulo VI cumpriu uma promessa feita, em novembro de 1965, de alterar os estatutos do «Santo Ofício». O jornal «Osservatore Romano», na edição de 6 e 7 de dezembro de 1965, publicou o «motu proprio» intitulado «Integrae Servandae» onde decide mudar, simultaneamente, o nome e os métodos do «Santo Ofício».
Com esta medida, o papa que sucedeu ao pontífice que convocou o II Concílio do Vaticano respondeu a um dos maiores desejos desta assembleia magna, realizada na Basílica de São Pedro. Esse desejo de mudança foi expresso muitas vezes, e “sob as mais variadas formas, no decurso das congregações gerais e, anteriormente, nas votações enviadas durante o período preparatório do concílio”, escreveu Henri Fesquet no III Volume «O Diário do Concílio».
O cardeal Frings, arcebispo de Colónia (Alemanha) não hesitou em falar do “escândalo” que “causavam no mundo”, os métodos empregues pelo «Santo Ofício». Nessa intervenção, a 7 de novembro de 1963, o cardeal alemão pedia para que, no futuro, “ninguém pudesse ser julgado nem condenado sem ter sido primeiramente ouvido, advertido das acusações pendentes contra si e convidado a corrigir-se”, lê-se na obra de Henri Fesquet.
A intervenção do cardeal Frings mereceu muitos aplausos na aula conciliar e foram cruéis para o cardeal Ottaviani, que declarou, com soluços na voz: “ Atacar o Santo Ofício é ofender o Papa, que é o seu prefeito”. E eis que, passados dois anos, o Papa Paulo VI, já estava no cadeira de Pedro na altura da intervenção do cardeal alemão, aparentemente nada ofendido, “dá satisfação ao corajoso cardeal que ousou desafiar a «suprema» congregação”.
“Sem a reforma do Santo Ofício, nenhuma outra reforma profunda podia ser levada a bem pela Igreja. Não são os homens que estão em causa, mas a instituição radicalmente viciada pelo segredo, por um procedimento unilateral e por todo o seu poder oculto”, escreveu o jornalista francês, Henri Fesquet.
Se não é inconveniente “espezinhar um ofendido no momento em que é atingido, podia recordar-se em pormenor – este trabalho de «inquisição da Inquisição», como antes já lhe chamou monsenhor Roberts, antigo arcebispo de Bombaim, não deixaria de ser feito um dia – quantos homens da Igreja sofreram pelo Santo Ofício, tiveram a sua reputação manchada, a sua vida estragada, a sua consciência esfrangalhada e quantos cristãos perderam a fé por causa deste dicastério”, lê-se no III Volume «O Diário do Concílio».