Quando o II Concílio do Vaticano foi convocado, o padre Peter Stilwell que vivia no centro da cidade de Lisboa, paróquia de Santos-o-Velho, notava que a frequência na missa “era bastante grande”, mas “muito distanciada da celebração”. O celebrante “estava de costas lá em cima”, recorda o padre português que, atualmente, é reitor na Universidade de São José, em Macau.
Quando o II Concílio do Vaticano foi convocado, o padre Peter Stilwell que vivia no centro da cidade de Lisboa, paróquia de Santos-o-Velho, notava que a frequência na missa “era bastante grande”, mas “muito distanciada da celebração”. O celebrante “estava de costas lá em cima”, recorda o padre português que, atualmente, é reitor na Universidade de São José, em Macau.
Nascido a 04 de dezembro de 1946, em Lisboa, o padre Peter Stilwell sublinha à Agência ECCLESIA que as celebrações eram “todas em latim” e as pessoas sabiam “as respostas todas de cor”.
Nesse período pré-conciliar, durante a celebração algumas pessoas, “com menos formação”, passavam o tempo a rezar “viradas para os altares laterais”. Era frequente, enquanto decorria a missa, um padre estar a confessar “no fundo da igreja”. As homilias não estavam sintonizadas com as leituras, mas com a “época litúrgica e recomendações morais”. A explicação das leituras e textos bíblicos “raramente” se fazia.
Com raízes britânicas, o reitor da Universidade de São José revela que o desenvolvimento do catolicismo em Inglaterra, no século XIX e XX, “é muito marcado pelas migrações”, como foi o caso da Irlanda e dos países latinos, estes especialmente depois da II guerra mundial.
As relações ecuménicas eram quase inexistentes em Inglaterra, conta o padre Peter Stilwell pelas histórias que ouvia da sua mãe. Este panorama mudou “radicalmente” com o II Concílio Vaticano (1962-1965). O sacerdote recorda-se perfeitamente da morte do Papa João XXIII, da eleição do Papa Paulo VI e da visita deste à Terra Santa. Entrou para o Seminário dos Olivais (Lisboa) no último ano do concílio e lembra-se do “entusiasmo” de alguns bispos portugueses e brasileiros que passaram por aquela casa de formação sacerdotal.“Percebia-se que tinham vivido um tempo muito intenso, como aquelas pessoas que saem de um retiro espiritual”, disse.
Ao olhar para aquele período marcante na vida da Igreja do século XX, o padre Peter Stilwell destaca o papel que o grupo dos teólogos franceses (Yves Congar, Chenu, Lubac) desempenhou no desenvolvimento dos trabalhos conciliares. Ao falar dos protagonistas, o padre Peter Stilwell realça também o atual Papa emérito, Bento XVI, na altura Joseph Ratzinger. “Estudei o sacramento da Eucaristia com a sebenta de Joseph Ratzinger” porque, na altura, o professor era um espanhol.
“Estávamos no início da Faculdade de Teologia em Portugal e alguns professores vinham de Espanha”.
O teólogo Karl Rahner foi também “uma figura marcante” na formação deste professor português que faz parte, desde o início, da revista internacional «Communio».
LFS