II Concílio do Vaticano: O leigo na perspetiva de Karl Rahner

O teólogo Karl Rahner teve um papel central nos trabalhos conciliares (1962-1965) e foi um dos principais divulgadores do II Concílio do Vaticano. Este sacerdote jesuíta (Friburgo 5 de março de 1904 – Innsbruck, 30 de março de 1984) foi um dos mais influentes teólogos do século XX.

O teólogo Karl Rahner teve um papel central nos trabalhos conciliares (1962-1965) e foi um dos principais divulgadores do II Concílio do Vaticano. Este sacerdote jesuíta (Friburgo 5 de março de 1904 – Innsbruck, 30 de março de 1984) foi um dos mais influentes teólogos do século XX.

Para muitos especialistas, sua teologia marca a entrada da Igreja Católica na modernidade. Entre outros temas, Karl Rahner aborda o pluralismo religioso, a espiritualidade, o pós-modernismo, o ecumenismo, a ética e seus desdobramentos na política e na teologia feminista. Em 1965, foi um dos fundadores da revista «Concilium», juntamente com Antonie van den Boogaard, Paul Brand, Yves Congar, O.P., Hans Küng, Johann Baptist Metz e Edward Schillebeeckx, O.P.

Karl Rahner constata que a situação dos leigos na Igreja é fruto da situação global desta porque desde o fim da época patrística, a Igreja transformou-se numa “sociedade institucional em que os leigos eram objetos de direção, mas não eram sujeitos ativos” (IN: «A identidade laical à luz do Concílio»; Teresa Martinho Pereira; Lisboa, UCP).

Foi nesta linha que a palavra «leigo» foi compreendida durante muito tempo. Ele era aquele que estava excluído da hierarquia e esta era vista como a representação da Igreja junto do laicado. “É necessário retomar a dimensão positiva da identidade laical”, sublinha Teresa Martinho Pereira. Pelo batismo, os leigos são ungidos para serem templo de Deus, destinados “à comunidade dos que sabem e professam que Deus se apiedou do mundo e que chamou à sua própria vida” (IN: «Fundamentación sacramental del estado laical en la Iglesia»; Karl Rahner, Madrid). A identidade positiva dos leigos reside, portanto, na qualidade de membros da Igreja.

Eles distinguem-se da hierarquia porque “não gozam dos poderes de natureza sacramental conferidos pela Ordem, nem têm jurisdição” (IN: «A identidade laical à luz do Concílio»; Teresa Martinho Pereira; Lisboa, UCP). A diferença entre leigos e os religiosos, por seu turno, está no estado de vida. “Os religiosos vivem os conselhos evangélicos como estado de vida, representando no mundo a transcendência da origem da Igreja. Os leigos vivem o seu estado de casados e envolvidos no mundo secular como opção de vida” (Cf obra de Teresa Martinho).

Karl Rahner escreveu na obra «Fundamentación sacramental del estado laical en la Iglesia» que a missão do leigo batizado no contexto da missão da Igreja não é, “nem em primeiro nem em último lugar, entreter-se piedosamente aos domingos, nem é tomar parte na procissão do Corpus justo dos membros mais destacados da paróquia, do partido ou do catolicismo local, não é votar a candidatura católica, não é pagar pacientemente o imposto eclesiástico, mas é a consciência radical, e que revoluciona tudo, de que um batizado tem uma infinita missão como cristão precisamente ao encontrar-se e ao viver na sua profissão normal, na sua família” que a Igreja está ali.

LFS

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