Nos anos 60, viveu-se o enorme entusiasmo da aplicação da reforma da liturgia surgida pelo II Concílio do Vaticano.
Nos anos 60, viveu-se o enorme entusiasmo da aplicação da reforma da liturgia surgida pelo II Concílio do Vaticano. Segundo o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, esta aplicação destacou-se na abertura da liturgia às línguas vernáculas e o papel relevante atribuído às Conferências Episcopais; a restauração da concelebração e da comunhão sob as duas espécies; a simplificação do ofício divino; as perspectivas missionárias que as possíveis adaptações ofereceram; a preferência do termo unção dos doentes ao antigo de extrema unção; o anúncio de que é possível reformar toda a liturgia; o ênfase ao mistério pascal; a participação dos fiéis e a dignificação do culto.
Numa conferência proferida na Academia Internacional da Cultura portuguesa, em Lisboa, e subordinada ao tema «Do Movimento Litúrgico à Reforma Litúrgica em Portugal» o prelado de Trás-os-Montes sublinhou ainda que nos anos 70 (Note-se, porém que, em 1974, iniciam-se em Portugal as semanas de Pastoral litúrgica, que congregam milhares de pessoas em Fátima e muito têm contribuído para a formação litúrgica das dioceses portuguesas), assistiu-se a um “desencanto na receção da reforma, devido a uma renovação não suficientemente preparada, permanecendo a reforma no exterior”.
“Foram, no entanto, anos marcados pela: fixação das celebrações e a publicação dos livros litúrgicos; o crescimento rápido da secularização da sociedade; a crise dos sacerdotes. Nestes anos, ao ver que a liturgia não resolvia todos os problemas de fundo, a preocupação pastoral voltou-se para a evangelização”, disse.
A recuperação operou-se nos anos 80. Uma reorientação litúrgica favoreceu a procura de um novo estilo de celebração. A relação celebração-evangelização tornou-se mais dinâmica e conciliatória.
A pastoral litúrgica salientou-se nos anos 90. Existiu uma “plena sintonia com os novos Ordines e um renovado interesse pela Palavra de Deus” (Cf. SC 35.) Surgiram os novos Leccionários com um dinamismo vital e sublinhou-se o domingo como a festa primordial.
A nova evangelização tornou-se uma prioridade. O valor da Liturgia das Horas foi considerado com maior destaque, bem como a experiência do silêncio na oração. No limiar do terceiro milénio fez-se um apelo à espiritualidade litúrgica: participação mais ativa e consciente dos fiéis na liturgia; o enriquecimento doutrinal e catequético; o uso da língua vernácula; a abundância das leituras bíblicas; o aumento do sentido comunitário da vida litúrgica; os esforços bem sucedidos para eliminar o desacordo entre vida e culto, piedade litúrgica e piedade pessoal e liturgia e piedade popular.
“Restam, contudo, grandes trabalhos a realizar”, salientou D. José Cordeiro e acrescentou: O prosseguimento da séria investigação bíblica e teológica sobre os temas atinentes à liturgia (lex orandi) será, certamente, um apoio precioso para o desenvolvimento e a consolidação da mesma sempre a renovar no espírito e na prática concreta.
Todo o espaço da reforma litúrgica foi sustentado pelo «Consilium ad exsequendam Constituitionem de Sacra Liturgia (25.01.1964 – 09.05.1969), constituído para a aplicação da Sacrosanctum Concilium.
LFS