II Concílio do Vaticano: «De Ecclesia» esmaltada de imagens bíblicas da Igreja

Nos primeiros trinta dias da segunda etapa do II Concílio do Vaticano (29 de setembro a 04 de dezembro de 1963), os padres conciliares dedicaram a sua reflexão ao esquema sobre a Igreja («De Ecclesia»), documento elaborado pelo cardeal Ottaviani, presidente da comissão teológica.

Nos primeiros trinta dias da segunda etapa do II Concílio do Vaticano (29 de setembro a 04 de dezembro de 1963), os padres conciliares dedicaram a sua reflexão ao esquema sobre a Igreja («De Ecclesia»), documento elaborado pelo cardeal Ottaviani, presidente da comissão teológica.

Depois de um breve comentário ao esquema, o cardeal Ottaviani acentuou que “o depósito da fé devia ser guardado, mas que convinha apresentá-lo a todos”. No fundo expressa uma dupla preocupação: “doutrinal e pastoral” (Henri Fesquet; «O Diário do Concílio», volume I, Lisboa, Publicações Europa-América). De seguida, o arcebispo de Colónia (Alemanha), cardeal Frings, falou em nome dos padres conciliares alemães e deu um parecer positivo sobre o documento: “Valde placet” (O esquema agrada-me inteiramente).

Para o “exigente” cardeal alemão fazer este juízo de valor sobre o esquema («De Ecclesia») – “não excluindo críticas de pormenor” – é preciso acreditar que o documento é realmente satisfatório. Segundo Henri Fesquet o texto redigido teve por base um projeto belga (Lovaina) e foi trabalhado de novo com colaborações “de várias subcomissões mistas, especialmente com membros da comissão do apostolado dos leigos”. 

Na mesma intervenção, o cardeal Frings congratulou-se pelo esquema evitar “o estilo apologético e jurídico” e por estar “esmaltado de imagens bíblicas da Igreja”. O cardeal alemão exprimiu também o seu reconhecimento a Paulo VI que, no seu discurso de abertura, “corajosamente, não por tática, mas porque é verdade” reconheceu “os erros da Igreja Católica no drama da separação das Igrejas e deles pediu humildemente perdão” (Henri Fesquet; «O Diário do Concílio», volume I, Lisboa, Publicações Europa-América).

Depois de quinze dias de trabalhos, os padres conciliares viviam um bom “entendimento” relativamente “aos pontos essenciais”. “Só um padre se levantou contra a sacramentalidade do episcopado e muito poucos contestam a colegialidade. As divergências são mais de modalidade que de fundo” (Henri Fesquet; «O Diário do Concílio», volume I, Lisboa, Publicações Europa-América). De ora em diante, relatou Henri Fesquet pode-se afirmar que o concílio “porá singularmente em relevo os poderes dos bispos. Não foram precisas mais de doze sessões para se fazer luz sobre um assunto há pouco tempo ainda considerado dos mais espinhosos”.

Nos trabalhos da segunda sessão do grande acontecimento convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo seu sucessor, Paulo VI, os padres conciliares examinaram, para além do esquema «De Ecclesia», os documentos «De Episcopis et Dioecesium regimine» e «De Oecumenismo», tendo sido o «De Beata Maria Virgine» remetido para ulterior consideração integrado no «De Ecclesia», e apenas enunciado o do Apostolado dos Leigos.

LFS

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Agência ECCLESIA

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