II Concílio do Vaticano: Cardeal Cerejeira «informava» Oliveira Salazar

Durante o II Concílio do Vaticano (1962-1965), o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira escreveu várias missivas ao chefe de governo da altura, António de Oliveira Salazar, sobre a magna assembleia que marcou a vida da igreja no último século. Logo em 1962, o bispo de Lisboa agradeceu a presença de Mário de Figueiredo, na qualidade de presidente da Assembleia Nacional, que chefiou a delegação portuguesa presente na abertura do concílio.

Durante o II Concílio do Vaticano (1962-1965), o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira escreveu várias missivas ao chefe de governo da altura, António de Oliveira Salazar, sobre a magna assembleia que marcou a vida da igreja no último século. Logo em 1962, o bispo de Lisboa agradeceu a presença de Mário de Figueiredo, na qualidade de presidente da Assembleia Nacional, que chefiou a delegação portuguesa presente na abertura do concílio.

“Quanto à instalação dos prelados, foi nossa intenção desde a primeira hora instalarmo-nos todos juntos. Por falta de quartos no Colégio Português, teve de se recorrer também à Casa das Hospitaleiras Portuguesas. Apenas o de Portalegre [D. Agostinho Moura] e o do Porto [D. António Ferreira Gomes] ficavam de fora, o de Portalegre na casa da sua Congregação do Espírito Santo”. (In: Rita Almeida de Carvalho; «António de Oliveira Salazar – Manuel Gonçalves Cerejeira – Correspondência 1928-1968»; Lisboa, Temas e Debates – Círculo de Leitores; pág 292)

Ao longo desses anos, a correspondência entre o Patriarca de Lisboa e António de Oliveira Salazar foi abundante e versou diversas temáticas: desde a política nacional a assuntos mais de âmbito eclesial. Numa missiva enviada a 15 de novembro de 1963, o cardeal português confessa que escrever sobre o II Concílio do Vaticano “exigiria muito espaço”, mas “não te oculto as preocupações causadas por certas intervenções e sobretudo pela exploração feita por certa imprensa”. Na mesma carta, o cardeal Cerejeira informou que o Papa Paulo VI iria visitar a Igreja de Santo António dos portugueses (17 de novembro de 1963) e que tinha “sido muito amável para com Portugal”. (Obra citada anteriormente, pág 295).

Após a visita do Papa Montini à referida igreja, António Oliveira Salazar escreveu um telegrama ao cardeal Cerejeira onde considera que foi uma “grande honra para a nação portuguesa”. No mesmo documento, António de Oliveira Salazar deseja as melhoras ao seu amigo porque este lhe confessou que iria extrair “pólipo ulcerado no recto” na Clínica Salvator Mundi (Roma). A operação não decorreu na capital italiana, mas em Lisboa, no Hospital de Jesus.

Depois do anúncio da «polémica» visita do Papa Paulo VI ao Congresso de Bombaim, assunto que o cardeal Cerejeira informou, numa extensa carta de 16 de outubro de 1964, Oliveira Salazar, o patriarca de Lisboa escreveu nova missiva (18 de outubro) onde escreveu que “este facto contrista-nos a todos nós portugueses”. Documentos históricos durante o período conciliar.

LFS

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Agência ECCLESIA

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