D. Sebastião Soares de Resende foi sagrado bispo da Beira em 1943, no aniversário da sua tomada de posse na diocese moçambicana (8 de Dezembro) dirigia uma pastoral ao seu rebanho “sempre repleta de conteúdos doutrinários e incidindo muitas vezes em apetos concretos que denunciavam injustiças e deficiências”.
D. Sebastião Soares de Resende foi sagrado bispo da Beira em 1943, no aniversário da sua tomada de posse na diocese moçambicana (8 de Dezembro) dirigia uma pastoral ao seu rebanho “sempre repleta de conteúdos doutrinários e incidindo muitas vezes em aspetos concretos que denunciavam injustiças e deficiências” – (in: “Resistência Católica ao Salazarismo – Marcelismo).
Na Pastoral de 1946 sobre “Colonização Portuguesa”, D. Sebastião Soares de Resende condena o “trabalho compelido” dos indígenas. E acrescenta: “quando observo o que se passa, principalmente com trabalhadores indígenas, e entre estes, com os que labutam junto da maior parte das nossas empresas, vejo-me forçado a reconhecer que não somos cristãos nem humanos”. Nesta e noutras conjunturas, o prelado natural de Santa Maria da Feira agia exclusivamente na convicção de estar na defesa de “direitos inamovíveis da pessoa humana e totalmente alheio como sempre se manteve relativamente a qualquer vinculação política” – (Capela, José; “D. Sebastião e o «Diário de Moçambique»”; in: Revista «Síntese»).
O desenvolvimento do ensino naquela diocese foi também um dos grandes feitos de D. Sebastião. “É a ele que se deve o lançamento do Ensino Secundário na Beira, começando pela Fundação do Instituto Liceal D. Gonçalo da Silveira e posteriormente os Colégios de Vila Pery e Tete” – (Brandão, Pedro Ramos; “O primeiro bispo da Beira”; in: Revista «História» de Novembro de 2004). O bispo da Beira sabia que a utilização que o Estado Português estava a dar à Igreja em Moçambique poderia criar “uma perniciosa confusão nos indígenas e levá-los a ver a Igreja Católica como uma extensão administrativa do Estado Português” – (In: Revista «História»).
Perante esta previsível situação, D. Sebastião Soares de Resende fez sempre um esforço de tornar pública a diferença entre a evangelização e o ensino ministrado. “O professor era uma coisa, o catequista era outra. Esta posição dentro da Igreja Católica moçambicana não era de todo aceite; a maioria dos padres portugueses acomodara-se ao facto de ser vista pelo Governo como funcionalismo público, com o seu ordenado mensal” – (In: Revista «História»). No entanto, o primeiro bispo da Beira tudo tentou para esclarecer a opinião pública e os habitantes indígenas sobre as diferenças: “a ação missionária não pode terminar nas escolas. Há que se exercer também nos postos catequéticos”. (In: Revista «História»).
Lições de vida, deste padre conciliar que faleceu a 25 de janeiro de 1967. Muitas peças da sua pregação constituíram gritos de autêntico profeta.
LFS