II Concílio do Vaticano: A luz de Trento ainda ilumina a Igreja contemporânea

Para se ter uma noção mais profunda e fazer uma avaliação do II Concílio do Vaticano é fundamental ter presente os dois que o precederam: O I Concílio do Vaticano e o Concílio de Trento.

Para se ter uma noção mais profunda e fazer uma avaliação do II Concílio do Vaticano é fundamental ter presente os dois que o precederam: O I Concílio do Vaticano e o Concílio de Trento.

Hoje, a reflexão irá recair no Concílio de Trento (1545 a 1563). Considerado como um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica, foi convocado pelo Papa Paulo III para garantir “a unidade da fé e a disciplina eclesiástica. O seu objetivo era incrementar a reforma da Igreja e responder à divisão que então se vivia na Europa devido à reforma protestante, pelo que é conhecido também como o Concílio da Contrarreforma” (Manuel Augusto Rodrigues; In: Correio de Coimbra, 26 de abril de 2012).

O Concílio de Trento, o mais longo da história da Igreja, foi também o concílio que aprovou “o maior número de decretos dogmáticos e reformas e produziu os resultados mais benéficos”, duradouros e profundos “sobre a fé e a disciplina da Igreja”, lê-se no referido artigo. Para se opor ao protestantismo, o Concílio de Trento emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente a doutrina católica sobre determinados assuntos.

Com o intuito de celebrar os 450 anos do encerramento desta assembleia magna do século XVI realizou-se, em Braga, recentemente, um congresso internacional sobre «Concílio de Trento: Restaurar ou inovar». Investigadores de todos os quadrantes deslocaram-se à cidade dos arcebispos para mostrar a relevância deste magno acontecimento.

Imporá destacar a participação neste concílio de bispos e teólogos portugueses que participaram em Trento (Itália), sendo o mais destacado frei Bartolomeu dos Mártires ao lado de outros como frei Jerónimo de Azambuja, frei Luis de Soto Maior, João Pais, entre outros, nas suas diferentes fases (1ª 1545/1548; 2ª 1551/1552; 3ª 1562/1563). O Concílio despertou a Igreja para “a necessidade de se mobilizar para os novos desafios da evangelização universal suscitados pelas viagens marítimas promovidas pelos reinos da Península Ibérica, Portugal e Espanha” (José Eduardo Franco; In: Folha dos Valentes, março de 2012).

Com os descobrimentos de terras e povos, onde Portugal assumiu papel de protagonista, ficou aberto um novo campo de missão que permitia levar o Evangelho a todos os cantos e colocar em práticas o mandato de Cristo: “Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova”.

Para além deste campo aberto, o Concílio de Trento fez revisão e reafirmação de doutrinas fundamentais para a Igreja, promoveu uma formação mais sólida do clero através de seminários diocesanos e de currículos mais exigentes e profundos, reviu, reforçou e refundou a missão dos bispos na Igreja à frente das igrejas locais, dioceses.

Estabeleceu orientações para combater a função episcopal como lugar de promoção e prestígio social, como cargo mais honorífico e menos vocacional, impondo a obrigatoriedade da fixação de residência dos bispos nas suas dioceses, da prática de visitas pastorais às paróquias, do acompanhamento da ação dos padres, do cuidado com a formação do clero.

Revisitar a história “é também construir as bases para o futuro”, disse, em Braga, o cónego José Paulo Abreu, no congresso sobre o Concílio de Trento. Águas conciliares…

LFS

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Agência ECCLESIA

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