200 mil pessoas perderam as suas casas Um grupo de responsáveis de várias confissões cristãs denunciaram hoje as operações de destruição levadas a cabo pelo regime de Robert Mugabe nos bairros de lata em Harare, capital do Zimbabwe. A situação, que já tinha sido criticada pela Conferência dos Bispos católicos no país e pelo próprio Bento XVI. Nas últimas semanas, Mugabe desencadeou a operação “Murambatsvina” (“Restaurar a ordem”) iniciada a 19 de Maio, sob o pretexto de liberar as cidades do mercado ilegal e das construções abusivas. Os Bispos do Zimbabwe manifestaram-se numa carta pastoral intitulada “O grito dos pobres”, na qual assinalavam que “um número incalculável de homens, mulheres com recém-nascidos, crianças em idade escolar, idosos e doentes continua a dormir ao relento e pode morrer de frio”. Segundo as Nações Unidas, cerca de 200 mil pessoas perderam as suas casas por causa da demolição de barracas dos bairros periféricos das principais cidades do país. Hoje, o presidente do Conselho das Igreja sul-africanas, Russel Botman, deu voz às críticas de um grupo de missionários que classificam as acções nesses bairros de lata como um acontecimento “sem precedentes na África de hoje”. “Esta destruição deliberada da economia informal, que permite aos grupos mais vulneráveis economicamente encontrarem soluções, não tem nenhum equivalente na África moderna”, assinala Botman. A delegação de Igrejas cristãs visitou um campo de refugiados que abriga cerca de 3 mil pessoas em tendas, para além de bairros de lata em que metade da população foi atirada para a rua. Bento XVI manifestou-se preocupado no início de Julho com a situação vivida no Zimbabwe e apoiou publicamente o trabalho desenvolvido pelos Bispos católicos no país em favor da reconciliação e da justiça. Os Bispos têm sido muito duros nas críticas a Mugabe, considerando que “nos últimos cinco anos, a situação política, social e económica de Zimbabwe piorou dramaticamente”.