Continua a decorrer em Porto Alegre a IX Assembleia Geral do Conselho Mundial das Igrejas, que reúne cerca de 4 mil participantes, sendo 700 delegados de 340 igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo. O maior encontro ecuménico internacional tem sido envolvido num clima de grande expectativa no que diz respeito a uma maior aproximação entre o Conselho e o Vaticano. Bento XVI destacou a importância da colaboração com o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), na mensagem que enviou à Assembleia, referindo que “após 40 anos de colaboração frutuosa, esperamos continuar esta jornada de esperança e promessa, à medida que intensificamos os nossos esforços, rumo ao dia em que os Cristãos estarão unidos na proclamação da mensagem evangélica de salvação para todos”. A Igreja Católica não é membro do CMI, mas colabora de vários modos com este organismo ecuménico e com a sua comissão Fé e Constituição, que tem a missão de procurar a unidade dos cristãos promovendo o estudo e a reflexão comum sobre temas em que permanecem divisões, ainda hoje, como é o caso da concepção eclesiológica nas várias confissões. O Grupo Misto de Trabalho, instituído em 1965, constitui a estrutura principal de coordenação das relações entre a Igreja Católica e o CMI. Para o secretário-geral do CMI, Pastor Samuel Kobia, esta Assembleia “marca o começo de uma nova etapa na busca da unidade dos cristãos”. Durante a reunião de 10 dias, vai pedir-se mais espaço para os pentecostais, evangélicos e movimentos relacionados, com vistas a incrementar o número de membros em 2025. O crescimento da Igreja Pentecostal e outras comunidades evangélicas tem significado a perda de fiéis e influência em muitas das denominações integrantes do Conselho Mundial, particularmente na África, América Latina e China. Na mesa de debates estará também a ameaça de facções conservadoras de romper laços com um dos principais membros do Conselho, a Igreja Anglicana (77 milhões de fiéis), para protestar contra “tendências liberais”. A Assembleia de Porto Alegre, primeira do século XXI, aborda ainda as questões relacionadas com o Islão. O Pastor Samuel Kobia afirmou, na abertura do encontro, que a difusão caricaturas de Maomé “deve parar para que possa haver diálogo”. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu orações pela paz, na abertura da Assembleia. “Num período em que alguns querem dividir a família humana explorando as diferenças entre os povos, a ONU tem, mais que nunca, necessidade do apoio de homens e mulheres como vós”, declarou. O Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da Unidade dos Cristãos, defendeu, por seu lado, que “a sabedoria conjugada” das igrejas deve actuar “neste mundo de mudanças tão rápidas, e tão frequentemente cheio de perplexidade”. O presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), o bispo metodista Adriel de Souza Maia, expressou o seu desejo de que a IX Assembleia seja uma grande voz para o mundo, “não a voz da globalização do mercado, mas sim da dignidade da vida e da solidariedade”.