Católicos à espera de fumo branco para conhecerem sucessor de Bento XVI
Lisboa, 12 mar 2013 (Ecclesia) – A Igreja Católica vive a partir de hoje o segundo Conclave do século XXI, no qual 115 cardeais vão eleger o sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, obrigatoriamente por uma maioria de dois terços.
O processo começa ao início da manhã com a instalação dos eleitores na Casa de Santa Marta, dentro no Vaticano, em quartos sorteados, e prossegue às 10h00 locais (menos uma em Lisboa), com a missa votiva pela eleição do Papa, na Basílica de São Pedro.
A celebração conta com a participação de todos os cardeais, uma novidade introduzida por Bento XVI, sob a presidência do decano do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano, antigo secretário de Estado do Vaticano, que não vai entrar no Conclave por ter mais de 80 anos de idade.
A partir das 16h30 de Roma, as atenções centram-se no Palácio Apostólico do Vaticano, onde os cardeais eleitores se vão reunir na Capela Paulina para o rito de entrada do Conclave e a procissão até à Capela Sistina, onde decorrem os escrutínios.
O Centro Televisivo do Vaticano vai ter uma câmara fixa na chaminé da Sistina para acompanhar em direto a saída do fumo que indica o resultado das eleições: branco, se houver maioria de dois terços [77 votos, neste caso], ou negro, se a votação tiver sido inconclusiva.
A eleição é dirigida pelo primeiro cardeal na ordem de precedência, atualmente D. Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos, que preside também aos momentos previstos pela liturgia própria.
“Toda a Igreja, unida a nós na oração, invoca sem cessar a graça do Espírito Santo para que seja eleito por nós um Pastor digno de todo o rebanho de Cristo”, refere a oração para o início da procissão.
Os cardeais rumam à capela Sistina, rezando a ladainha dos Santos, e tomam os seus lugares ao som do hino ‘Veni, creator Spiritus’, que invoca a ajuda do Espírito Santo.
Cada um dos presentes tem de prestar o juramento de “segredo” sobre o que diz respeito à eleição do Papa e comprometer-se a desempenhar fielmente a sua missão caso sejam escolhidos como o novo pontífice.
“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”, refere cada um dos cardeais.
Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem ‘Extra Omnes’ (todos fora): permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas e o eclesiástico escolhido para a segunda meditação, o cardeal maltês D. Prosper Grech.
Caso os cardeais decidam proceder a um primeiro escrutínio, o resultado será comunicado através do fumo, seguindo-se a recitação da oração de vésperas e o regresso à Casa de Santa Marta.
O Conclave conta com cardeais de 48 países, incluindo dois portugueses: D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé.
O grupo de 115 eleitores está assim distribuído geograficamente: Europa – 60 (incluindo 28 italianos); América Latina – 19; América do Norte – 14; África -11; Ásia – 10; Oceânia – 1.
O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, será o 50.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde a eleição de Leão X a 19 de março de 1513.
O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
OC/RJM