Vaticanista debruça-se sobre a primeira viagem internacional do pontificado do Papa norte-americano e estende o olhar sobre os primeiros meses do ministério petrino

Lisboa, 26 nov 2025 (Ecclesia) – O chefe de redação da Agência ECCLESIA, Octávio Carmo, acredita que a viagem do Papa à Turquia e ao Líbano, que arranca esta quinta-feira, “vai ser um grande momento de afirmação da voz de Leão XIV num cenário internacional”.
“Estes dois pontos de viagem vão estar sob os olhares atentos de todo o mundo e acredito que seja uma oportunidade que ele vai aproveitar para se afirmar também como uma voz de referência na defesa dos mais fracos e na defesa da paz”, referiu o vaticanista, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2 (15h).
A primeira viagem do pontificado de Leão XIV, que termina na próxima terça-feira, vai ser marcada por várias celebrações ecuménicas, num programa que assinala os 1700 anos do Concílio de Niceia.
Octávio Carmo aponta que a visita aos países tem marcas da continuidade do pontificado de Francisco, sendo uma delas ecuménica, com a vontade de fazer a celebração do aniversário da data na atual Turquia, tal como o antecessor havia manifestado o desejo.
Por outro lado, assinala o vaticanista, “há uma atenção ao Médio Oriente que vem desde sempre”, mas no caso do Líbano, especificamente, por aquilo que aconteceu no porto de Beirute, com uma explosão em 2020, bem como pela proximidade à Síria, a Israel e Palestina.
“Há ali um eixo para passar várias mensagens em favor da paz e do diálogo e da negociação que são típicas do Papa Leão XIV e que também são uma marca do pontificado Francisco. Esta continuidade nesta viagem vai ser muito visível”, indicou.
Sobre a passagem pela Turquia, o vaticanista destaca que vai haver “momentos visualmente muito fortes, como passagens por mesquitas”, que remetem sobretudo para o diálogo inter-religioso e efetivamente “com o mundo muçulmano”.
Octávio Carmo salienta que os 1700 anos do Concílio de Niceia vão ser celebrados não só entre o Papa e o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, tendo várias igrejas sido chamadas para assinalar esta data.
“Não é uma celebração a dois, é uma celebração realmente do mundo cristão, daquilo que é o primeiro concílio ecuménico no sentido universal”, reforçou.
O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio de 325.
Os participantes acabaram por definir o ‘Símbolo de fé’, o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais.
“Eu acho que há uma confluência de convicções, de profissão, de fé, que pode realmente ser relançada a partir deste momento e eu acho que há bons sinais nos últimos tempos de que realmente se pode fazer este caminho”, realçou o chefe de redação da Agência ECCLESIA.
Segundo Octávio Carmo, a viagem do Papa ao Médio Oriente “é uma excelente oportunidade” para lembrar “que o Cristianismo não vai do Ocidente para o resto do mundo”.
“O Cristianismo vem do Oriente, no caso específico do Próximo Oriente, ou do Médio Oriente, como quisermos chamar. É daí que se desloca para o centro do Império e do centro do Império, historicamente, que se espalha por todo o mundo, ao longo do séculos”, evidenciou.
| O Papa Leão XIV celebra, a 8 de dezembro, sete meses de pontificado, que, na perspetiva de Octávio Carmo, têm sido de “alguma adaptação”, “condicionados pelo Jubileu”.
“Havia já um calendário muito pesado, de celebrações ligadas ao Ano Santo no Vaticano”, justifica, acrescentando que esta foi uma oportunidade de o pontífice estar com o “seu povo”, “com as pessoas que o acompanham mais de perto”.
Falando na intenção manifestada recentemente por Leão XIV em visitar Fátima, Octávio Carmo entende que o Papa, depois de acabar o Jubileu 2025, em janeiro de 2026, “tem agenda livre para aquilo que o quiserem convidar”. “E parece-me que vai ser um Papa que já, até pela experiência dele como superior geral dos agostinhos, vai ser um Papa que vai viajar muito”, declarou. |
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