Decisão surge depois de investigação, ordenada pelo Papa, sobre acusações de abusos psicológico e sexual, incluindo contra menores
Cidade do Vaticano, 16 ago 2024 (Ecclesia) – O Vaticano ordenou a expulsão do fundador do ‘Soladitium Chistianae Vitae’, informa um comunicado emitido pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, divulgado esta quarta-feira pela Conferência Episcopal Peruana.
Luis Fernando Figari estava afastado do movimento, que criou na década de 1070, por causa de alegações de abusos psicológico e sexual, incluindo de menores, e por irregularidades financeiras.
A decisão acontece depois de o Papa Francisco incumbir, a 5 de julho de 2023, D. Charles Scicluna, vice-secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé e arcebispo de Malta, e o padre Jordi Bertolomeu-Farnòs, membro do mesmo dicastério, a tarefa de levar a cabo uma investigação sobre o Soladitium Christianae Vitae.
A investigação teve como objetivo “verificar a validade das acusações de responsabilidades de vária ordem, atribuídas ao fundador, Sr. Luis Fernando Figari Rodrigo, e a muitos outros membros da referida Soladitium Chistianae Vitae”, pode ler-se no comunicado dos Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Os dois enviados do Papa para investigar o caso, já tinham realizado anos antes o mesmo trabalho no Chile, atingido por escândalos de abuso.
Segundo o dicastério da Santa Sé, a ordenação de expulsão de Luis Fernando Figari é justificada com base nos “resultados obtidos e as certezas adquiridas no decurso” da investigação, tendo sido considerado “obrigatório, apropriado e urgente adotar medidas para a proteção e cuidado do bem da Igreja e de cada um dos fiéis”.
O organismo fala ainda em “circunstâncias diferentes das previstas nos can. 695 e 696, mas, em todo o caso, incompatíveis e, portanto, inaceitáveis num membro de uma instituição da Igreja, bem como por causa de escândalo e grave prejuízo para o bem da Igreja e de cada um dos fiéis”.
Associada a estes fatores que motivam a expulsão, está a necessidade de “restabelecer a justiça prejudicada pelo comportamento” de “Luis Fernando Figari Rodrigo ao longo de muitos anos, bem como para proteger no futuro o bem individual dos fiéis e da Igreja”.
As primeiras acusações sofre o fundador do ‘Soladitium Chistianae Vitae’ surgiram no início dos anos 2000, após denúncias de ex-membros e de investigações realizadas pelos media, informa o portal Vatican News.
Em 2018, o Ministério Público peruano pediu a prisão preventiva de vários membros e ex-membros da organização, incluindo Luis Fernando Figari.
O próprio ‘Soladitium Chistianae Vitae’ criou um grupo de investigação que, através de um relatório, identificou os autores de tais crimes, então afastados do movimento, cometidos entre 1975 e 2002 contra cerca de 36 pessoas, incluindo 19 menores.
Figari foi impedido nesse mesmo ano de regressar ao país de origem “exceto por razões muito sérias e sempre com a permissão por escrito” do comissário nomeado após a crise, o bispo colombiano Noel Antonio Londoño Buitrago.
A proibição do regresso ao Peru foi motivada pelo receio de que Figari pudesse “causar mais danos às pessoas”, “esconder e destruir provas contra ele” ou “obstruir o curso da justiça eclesiástica e civil”, refere uma carta assinada pelo Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Vida Consagrada, publicada em junho de 2018, citada pelo Vatican News.
LJ/OC