Igreja/Universidade: Cardeal-patriarca convida docentes e investigadores a praticar «arte de ouvir»

Pastoral do Ensino Superior promoveu encontro nacional, em formato digital

Lisboa, 06 mar 2021 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje aos participantes no V Encontro Nacional de docentes e investigadores, em formato digital, que aprendam e pratiquem a “arte de ouvir”.

“É muito difícil ouvir-se”, numa sociedade de “pressa mediática”, declarou D. Manuel Clemente, que falou num “país cheio de solidões”.

O encontro foi promovido pelo Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES), com o tema ‘Diálogos e valores no Ensino Superior’, à luz da mais recente Encíclica do Papa Francisco, ‘Fratelli Tutti’.

O conferencista foi questionado sobre os riscos do “pós-pandemia”, em que cada um tem a tentação de “ir para o seu lado”.

D. Manuel Clemente deu como exemplo as questões ligadas à investigação, produção e distribuição de vacinas contra a Covid-19.

“Tratando-se de um problema global, só pode ser resolvido pelo global, a nível da solidariedade”, sustentou.

O cardeal-patriarca destacou as afirmações do Papa na encíclica sobre a fraternidade humana e a amizade social, assinada em outubro de 2020, sobre o tema do diálogo, em particular a partir do seu ponto 198, no qual Francisco convida a “aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contacto”.

A intervenção tomou como exemplo a viagem do Papa ao Iraque, como forma concreta de aproximação, sabendo que “não são fáceis os pontos de contacto”.

D. Manuel Clemente sublinhou que Francisco convida ao diálogo com os vários pontos da cultura, incluindo a do mundo universitário, e manifestou-se contra o que denominou como “achismo generalizado” que carece de “argumentos racionais”.

O orador defendeu a aposta na interdisciplinaridade, num mundo cada vez mais marcado pela “especialização”.

Os trabalhos foram abertos por D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), que abordou a missão da Igreja no campo da universidade e da investigação.

O responsável sublinhou a “necessidade e importância de valorizar o testemunho dos cientistas cristãos”, evocada pelo novo Diretório para a Catequese, da Santa Sé.

D. Joaquim Mendes considerou a Universidade como “espaço precioso” do encontro do Evangelho com a Cultura, como sublinhava o documento conclusivo da Assembleia Sinodal de 2018, dedicada às novas gerações.

“Muito obrigado pelo vosso testemunho, pela vossa disponibilidade”, disse.

O padre Eduardo Duque, reconduzido em fevereiro como assistente nacional do SNPES, saudou a presença dos participantes “num tempo tão estranho e difícil” como o da pandemia.

“A universidade é um laboratório de transformação”, apontou.

No final dos trabalhos, D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora e responsável no CELF para acompanhar a Pastoral Universitária, apelou à “capacidade de encontro”, com uma “cultura ampla” no mundo académico.

O Encontro Nacional de docentes e investigadores é uma iniciativa do SNPES, que decorre de dois em dois anos.

OC

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