Igreja/Trabalho: Papa destaca desafio da «precaridade laboral» também no Vaticano

«Não podemos pregar a Doutrina Cristã e depois ter em casa este problema», disse hoje aos funcionário dos serviços da Santa Sé

Cidade do Vaticano, 21 dez 2017 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com responsáveis e trabalhadores dos vários serviços administrativos da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, e realçou o desafio de atender à precariedade laboral também na Igreja Católica.

Durante uma sessão de apresentação de boas festas aos funcionários da Santa Sé, e respetivas famílias, Francisco disse que o “trabalho precário” ou “em vão” não pode ter lugar no seio da Igreja Católica.

“Não podemos pregar a Doutrina Cristã e ter depois em casa este problema. Assim como não podemos deixar ninguém sem trabalho, a menos que já tenha um acordo ou uma alternativa válida”, sustentou.

Francisco referiu-se a este respeito depois de reconhecer que o Vaticano não é exceção aos desafios laborais que afetam Itália e o mundo.

“Para mim é uma questão de consciência. E para resolver este problema peço o contributo de todos vós. O trabalho é a vossa estrada para a santidade, para a felicidade, para levarem adiante as vossas vidas com satisfação, porque o trabalho dá dignidade e a segurança de um trabalho dá dignidade”, frisou o Papa argentino.

Na sua intervenção, o Papa referiu-se ainda à realidade italiana, que em termos económicos atravessa um período mais difícil.

“Não quero apontar nomes, mas temos no país empresas importantes que estão em risco e querem racionar recursos, o que vai colocar em causa o sustento de três a quatro mil trabalhadores. Isto é muito difícil, porque é assim que se tolhe as pessoas da sua dignidade”, salientou.

Agradecendo a missão que os funcionários e colaboradores dos vários departamentos da Santa Sé desempenham todos os dias, e que serve para “ajudar tanta gente”, Francisco declarou depois a sua proximidade a todos, às suas famílias, e aos seus desafios e crises.

E pediu-lhes para que se “deixem sempre ajudar” pela Igreja, nos seus problemas, no matrimónio, na educação dos filhos, na manutenção dos laços familiares.

“Não é fácil, são os problemas de personalidade, os problemas psicológicos, há tanto a considerar num matrimónio. Mas nunca deixem de buscar ajuda a tempo. Guardem a vossa família. Resolvam os vossos problemas sem envolver os filhos, porque eles sofrem com isso”, frisou o Papa argentino, que depois do trabalho e da família destacou a importância de um ambiente laboral saudável, sem intrigas ou mexericos.

“Alguém me disse uma vez que quem não entra em intrigas ou mexericos no Vaticano fica isolado. Esta é uma coisa grave e forte, um intriguista é como um terrorista, deixa uma bomba e atinge muitas outras pessoas. Querem um conselho para não entrarem em mexericos? Mordam a língua!”, completou.

JCP   

 

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