Padre Abel Varzim, impulsionador do movimento, quis sempre que ele fosse uma organização «com e para os trabalhadores»
Lisboa, 28 Jan (Ecclesia) – A coordenadora da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) defende que este organismo da Igreja, que em 2011 assinala o 75.º aniversário, teve sempre como protagonistas membros pertencentes ao meio laboral.
“Uma das pessoas que esteve no início da LOC, o padre Abel Varzim, grande impulsionador deste movimento, quis sempre que ele fosse dirigido e assumido pelos elementos do mundo do trabalho”, recorda Fátima Almeida em entrevista à Agência ECCLESIA.
Desde a fundação, em 1936, o sacerdote “nunca quis que a Liga Operária Católica fosse uma organização elitista, mas com e para os trabalhadores”, na altura “escassamente alfabetizados e com pouca cultura”, sublinha.
O padre Abel Varzim “não queria que se verificasse uma supremacia dos intelectuais, daqueles que tinham mais capacidade de coordenar e animar, sobre aqueles a quem o movimento se deveria dirigir”, recorda Fátima Almeida.
A actual presidente, que se dedica por inteiro ao movimento, considera que nos 75 anos da sua história tem sido “notória a participação de militantes da LOC/MTC nas organizações sindicais, autarquias e dentro da estrutura da Igreja Católica”
“Daí a forma como somos ouvidos quando transmitimos os nossos pontos de vista para o exterior”, destaca.
Um dos períodos mais marcantes da LOC/MTC foi vivido na década de 60 do século XX, “especialmente aquando da implementação da ‘Revisão de Vida Operária’, processo cujos fundamentos foram estabelecidos pelo padre belga Joseph Cardijn (1882-1967), fundador da Juventude Operária Católica
O método, dirigido ao “empenhamento e compromisso” dos membros da LOC nos seus meios, “foi uma marca forte no movimento, levando a que muitos dirigentes e militantes desse tempo se integrassem mais rapidamente nas organizações operárias e de bairro onde pudessem fazer algum trabalho e actividade social”, refere Fátima Almeida.
Paralelamente criaram-se os Círculos Católicos Operários, entidades que procuravam responder à necessidade de uma formação mais intensa ao nível do conhecimento e da cultura para os membros da LOC e outros trabalhadores, indica a coordenadora.
No ano de 1974, após o 25 de Abril, decide-se a unificação dos ramos masculino e feminino da Liga Operária Católica, divisão que, lembra Fátima Almeida, reflectia algumas estruturas da sociedade e da Igreja
Em 1998 a organização sentiu a necessidade de ser mais abrangente, pelo que juntou a designação ‘Movimento de Trabalhadores Cristãos’ à denominação original (Liga Operária Católica).
O 75.º aniversário da LOC/MTC vai ser assinalado com um conjunto de iniciativas subordinadas ao tema ‘Com a audácia do passado, recriar a humanização do trabalho’.
No próximo dia 30 de Janeiro, em Lisboa (igreja do Sagrado Coração de Jesus), o cardeal patriarca, D. José Policarpo, preside à missa integrada no encontro nacional que marca o início das celebrações.
RM