Pedro Esteves lembrou que o movimento já se «posicionou «contra o pacote laboral», e «dia 11 é para estar na rua»
Aveiro, 21 nov 2025 (Ecclsia) – O presidente da Juventude Operária Católica (JOC Portugal) afirmou que o novo pacote laboral quer “precarizar os trabalhadores, especialmente os jovens trabalhadores”, e incentivou à participação na Greve Geral, numa entrevista sobre a celebração dos 90 anos do movimento.
“O resumo deste pacote laboral é precarizar os trabalhadores, e especialmente os jovens trabalhadores. Temos a ministra de Trabalho a dizer que os jovens não querem trabalho para a vida, quando o que os jovens querem é estabilidade, os jovens querem poder ter um emprego fixo para ter um crédito de habitação e ter uma casa, querem não ter preocupações”, disse Pedro Esteves, à Agência ECCLESIA.
O presidente da Juventude Operária Católica identifica vários problemas, como a “hipótese do patrão, que já tem uma força negocial muito maior, ter ainda mais força negocial”, e as alterações aos contratos a termo incerto e os contratos a termo certo.
“E também tem a questão de um trabalhador nunca ter tido um contrato sem termo ser justificação para nunca ter um contrato sem termo. Ou seja, um jovem que comece a trabalhar hoje em dia, pode fazer toda a sua carreira profissional sem nunca ter um contrato efetivo. O que é extremamente alarmante e é muito grave, porque não dá estabilidade nenhuma ao jovem trabalhador”, desenvolveu o dirigente estudante, que é “operário ocasional”.
Pedro Esteves destacou que a JOC Portugal, que se posicionou “contra o pacote laboral”, já teve formações para aprofundar este tema com centrais sindicais, por exemplo, e no Dia Internacional do Mundo do Trabalho participaram numa formação com a Liga Operária Católica (LOC), e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, disse que os bispos estão “preocupados” e seguem “com muita atenção” as alterações à Lei do Trabalho, na conferência de imprensa da 212.ª Assembleia Plenária, no dia 13 de novembro, em Fátima.
As duas maiores centrais sindicais em Portugal anunciaram uma Greve Geral, marcada para 11 de dezembro, Pedro Esteves salienta que é uma forma de reivindicação “tão justa como muitas outras, e é necessária”, porque “a rua é um espaço de reivindicação”.

“Dia 11 é para estar na rua, diria; por uma questão da JOC não ter nem ligações partidárias, nem ligações sindicais, participaríamos como trabalhadores, como adultos, mas claro que a JOC também promove o espaço, a possibilidade de ir à manifestação, e até a incentiva que os seus militantes e jovens em iniciação participem”, acrescentou.
A Juventude Operária Católica foi fundada há 100 anos, em 1925, por iniciativa do padre Joseph Cardijn e de um grupo de jovens trabalhadores, na Bélgica, 10 anos depois, em 1935, este movimento da Igreja Católica chegou a Portugal.
“Se existe um jovem explorado, ou se existe um jovem também por evangelizar. Ou seja, se existe o propósito da JOC, que é libertar a juventude trabalhadora a partir da evangelização da mesma, então a JOC continua a fazer sentido”, disse o dirigente nacional
A JOC Portugal celebrou os seus 90 anos de presença em território nacional no dia 15 de novembro, em Aveiro, e tiveram “muitas demonstrações de apoio”, mobilizaram entre 180 a 200 participantes, “um número muito bom”, e “muitas pessoas dispostas a acompanhar grupos jovens”.
“Estes 90 anos, e a forte presença no aniversário, mostram a importância do movimento nos dias de hoje, e também a resiliência que tem. Já atravessou muitas coisas, mudanças de regime, muitas alterações à realidade dos trabalhadores, à realidade da lei laboral, e continua cá. Foi muito importante porque deu para conhecer realidades de outros antigos militantes”, salientou o entrevistado, destacando a importância desta histórias de militância e expansão para “percebê-las e adaptá-las” à realidade atual.
A Juventude Operária Católica, para pessoas dos 14 aos 30 anos de idade, neste momento, está em cinco dioceses de Portugal: Porto, Aveiro, Santarém e Leiria, e têm a sede em Lisboa.
CB/OC
![]() A JOC organiza-se por triénios e, na última Assembleia Nacional Ordinária, de 26 a 31 de agosto, na Diocese de Angra, estiveram a preparar os próximos três anos, e vão começar a preparar a nova campanha nacional, que deve ser lançada em “meados de 2027”. Neste ano pastoral 2025/2026, para além das atividades dos grupos, a nível nacional destaca-se a participação no 1º de Maio, o Dia do Trabalhar 2026, depois “uma atividade de formação”, em Coimbra, sobre a Doutrina Social da Igreja, “apesar dos militantes conhecerem e, de certa forma, aplicar os conhecimentos”, e o acampamento de 26 a 30 de agosto. |


