Igreja: «Todos nós precisamos de uma conversão sobre a sinodalidade» – D. Óscar Rodríguez Maradiaga

Cardeal orienta retiro do episcopado português, apresentando reflexões sobre espiritualidade sinodal

Foto Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 11 mar 2025 (Ecclesia) – O cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, arcebispo emérito de Tegucigalpa (Honduras), está a orientar o retiro de Quaresma do episcopado português, em Fátima, propondo uma “conversão” e uma espiritualidade sinodal.

“Todos nós precisamos de uma conversão sobre a sinodalidade. Não é automático, não vem apenas de leituras ou pensamentos, vem do coração”, indica à Agência ECCLESIA o responsável, que participou nas duas sessões da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018).

“Não é automático sermos sinodais. Vivemos numa cultura do individualismo e, na vida da Igreja, temos de caminhar juntos. É por isso que penso que precisamos de ter uma conversão”, insiste D. Óscar Rodríguez Maradiaga.

Os bispos portugueses estão reunidos de 10 a 14 de março na Casa de Nossa Senhora das Dores, em Fátima.

O cardeal hondurenho trouxe a Fátima uma reflexão sobre o processo sinodal 2021-2024, lançado pelo Papa Francisco.

“O Sínodo não é apenas um acontecimento ou um evento da Igreja, é uma espiritualidade. Foi por isso que criei os exercícios espirituais sobre o tema da sinodalidade”, explica.

Segundo a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), além dos momentos de conferência, estão previstos momentos de “conversação no Espírito”, segundo o método sinodal.

O colaborador do Papa, que integrou o Conselho de Cardeais para a reforma da Cúria Romana, apresenta a sinodalidade como “a mais importante das reformas”.

“Precisamos de participação. Esta é a novidade que o Santo Padre iniciou, ao chamar mulheres para a Cúria”, observa.

Em causa estão as recentes nomeações da primeira mulher a liderar um Dicastério da Cúria Romana e da nova governadora do Estado da Cidade do Vaticano, cargo habitualmente confiado a um cardeal.

“Isto é muito importante para o futuro da Igreja”, sustenta D. Óscar Rodríguez Maradiaga.

Aos 82 anos de idade, o responsável estaria fora de um eventual conclave, mas sublinha que Francisco promoveu uma grande mudança no Colégio de Cardeais que vai eleger o seu sucessor, com “pessoas de todo o mundo”, incluindo países pequenos, como Cabo Verde, ou onde os cristãos são uma minoria, como a Mongólia.

“Isto é muito importante para o futuro da Igreja. A Igreja é o mundo inteiro, não é só a Europa”, refere o arcebispo emérito de Tegucigalpa.

O também antigo presidente da Cáritas Internacional entende que também esta mudança de perfil dos cardeais é “uma grande reforma da Igreja”.

O retiro espiritual da CEP é uma iniciativa anual, com o qual se procura deixar de lado a rotina diária para momentos de reflexão e oração.

PR/OC

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