D. José Miguel Pereira é ordenado este domingo numa diocese com 800 anos de história, assumindo a sinodalidade como «a oportunidade», num sítio que é mais do que «passagem turística»

Lisboa, 15 mar 2025 (Ecclesia) – D. José Miguel Pereira é ordenado bispo da Diocese da Guarda este domingo, uma região onde quer “ouvir, escutar, caminhar” para construir a “unidade na diversidade”, identificar “formas de liderança” e «encontrar espaços de partilha de responsabilidades».
“Temos de encontrar espaços de comunhão e de partilha de responsabilidades”, afirmou o novo bispo da Guarda, lembrando a existência de 360 paróquias na Diocese da Guarda, “algumas muito pequeninas e muito rurais”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. José Miguel Pereira apontou a formação de sacerdotes, diáconos, leigas e leigos como algo “decisivo”, rejeitando a estratégia de trabalhar para angariar “alguns recursos humanos” e apostando na identificação de ministérios laicais “não só litúrgicos” e em conjunto com os sacerdotes que “têm gasto a vida” na diocese.
Eu vou ouvir com os irmãos padres que são de cá, que têm gasto a vida cá, têm-se entregado cá e também é com eles que eu vou aprender a trabalhar, é com eles que eu vou aprender a ser bispo, com o povo de Deus, com os irmãos padres, com os irmãos bispos”.
O bispo da Guarda referiu-se à concretização da sinodalidade e à vivência do Jubileu como “oportunidades que não se podem adiar porque não há outro caminho”.
“A sinodalidade não é uma oportunidade possível, é a oportunidade do caminho necessário e a esperança é sempre aquilo que anima. Nós não estamos a viver de um talvez ou de uma hipótese. A nossa esperança não é um talvez ou uma hipótese, é uma certeza inaugurada e que, por ser tão grande e tão intensa, não está tudo claro, vamos à procura do que falta clarificar”, afirmou.
Bispo de uma diocese com 800 anos de história, D. José Miguel Pereira afirma que o passado, mais do que peso, “é uma configuração, é um sustento, é uma raiz que não cria imobilismo, mas dá densidade” para sonhar o futuro.
Tenho o sonho de querer construir uma realidade assente na comunhão, não na ilusão de que não vai haver tensões, não vai haver gente que tinha expectativas mas… Isso vai acontecer, na fragilidade e na circunstância de cada um. Mas tenho o sonho de que possamos construir unidade na diferença”.
“Não tenho nenhuma coisa para tirar da manga, isso não tenho. Vou ouvir muito nos primeiros tempos e construir em conjunto”, afirmou.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1971 e foi ordenado padre em 1996, D. José Miguel Pereira tem raízes familiares no Fundão, de onde é natural a mãe, e raízes vocacional nas Penhas Douradas, onde frequentou encontros de pré-seminário.
Reitor do Seminário dos Olivais desde 2011 até ser nomeado bispo da Guarda, a 20 de dezembro de 2024, D. José Miguel Pereira chega a uma diocese que tem “alguma expectativa” na continuidade da concretização da reflexão diocesana, apresentada na Assembleia Diocesana em 2017 e no ano seguinte numa carta pastoral do anterior bispo, D. Manuel Felício.
“Vou percebendo que há alguma expectativa, também porque houve uma reflexão diocesana acerca de alguns desafios pastorais que começaram a ser implementados em alguns sectores e falta toda a outra dimensão que ainda não foi pegada”, afirmou.
D. José Miguel Pereira lembrou na entrevista publicada na Agência Ecclesia, no Jornal A Guarda e emitida no programa 70×7 deste domingo, que leva para a Guarda o projeto de evangelizar “nos desafios do tempo de hoje”, de uma forma “missionária e sinodal”.
“Não vou impor ideias ou pensamentos. Vamos ouvir, vamos escutar e vamos caminhar”.
O novo bispo quer apostar na “comunicação externa e a comunicação interna, que é muito importante” e considera a Guarda mais do que “um sítio de passagem turística”.
“Creio que há aqui potencialidades para a vida acontecer, comunidades acontecerem, com os desafios de um território do interior, envelhecido, é verdade, mas vamos encontrar os caminhos que for possível percorrer”, sublinhou.
O novo bispo da Guarda é ordenado este domingo, na sé diocesana, numa celebração que vai ser transmitida nas redes sociais da Diocese da Guarda.
PR