Igreja tem de conhecer o fundo da cultura portuguesa de agora

A Igreja Católica portuguesa tem obrigação de “conhecer o fundo da cultura portuguesa de agora”. A afirmação é do presidente da Comissão Episcopal da Cultura, D. Manuel Clemente, no editorial do Boletim “Observatório da Cultura”. O Bispo Auxiliar de Lisboa considera que vivemos num tempo de “indefinições”, apresentando como temas paradigmáticos dessa circunstância “as raízes cristãs da Europa e O Código Da Vinci”. “Em qualquer dos casos, é de indefinição que se trata. Ou, se quisermos, de questões de identidade”, explica. “Culturalmente, concluiremos, a tarefa é enorme. Inadiável também. Porque importa ‘cultivar’ solidamente a todos e a cada um. Com informação sempre acrescentada e bases consistentes. Progredir doutro modo é impossível, porque não se caminha sem firmar um pé. E é pelo caminho que se dialoga também. Mesmo que a definição evolua”, diz D. Manuel Clemente. O prelado deixa alguns esclarecimentos em relação aos temas que referiu. Quanto às raízes cristãs da Europa, assinala que o Continente de que falamos hoje “constituiu-se na Alta Idade Média pela progressiva adesão ao Cristianismo de vários chefes e povos ‘bárbaros’. Tal adesão recortou o espaço em que nos situamos, do Atlântico aos Urais, do Mediterrâneo ao Mar do Norte”. “Com O Código Da Vinci, de Dan Brown, a questão é outra, mas de indefinição também. Antes de mais, do próprio estatuto da obra, que tanto se diz romance como reivindica base histórica. Tudo a (des)propósito da pretensa descendência de Jesus e Maria Madalena, que urgiria resgatar para com ela afirmar também uma feminilidade perdida… Mas a interrogação põe-se necessariamente, sobre o repetido êxito editorial dum livro onde não é difícil encontrar parágrafos em que os erros bíblicos e históricos se distribuem linha a linha… E ainda sobre a perturbação que tem causado em muitos crentes, que se deixam abalar por um texto tão inconsistente e medíocre”, critica.

Partilhar:
Scroll to Top