Igreja tem de comunicar em formatos breves

Director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais diz que é preciso criar «linguagens novas para dizer coisas velhas»

Cidade do Vaticano, 02 Mar (Ecclesia) – A Igreja é desafiada a anunciar criativamente a sua mensagem em formatos mediáticos cada vez mais breves e que concorrem entre si para obter a atenção da audiência, considera o director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.

“O drama é sermos capazes de dizer o muito que temos no pouco espaço de tempo e forma que são as portas estreitas do mundo mediático de hoje, nomeadamente o digital, que funciona com velocidade, imagem, ritmo, tridimensionalidade, espanto e impacto”, disse hoje o padre António Rego à Agência ECCLESIA.

O sacerdote é uma das cerca de 30 personalidades oriundas dos cinco continentes que participam desde segunda-feira, no Vaticano, na assembleia plenária do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, estrutura da Santa Sé que acompanha as questões relacionadas com os media.

“Como é que o Evangelho se diz no Twitter [sistema de difusão de mensagens pela Internet limitado a 140 caracteres]? Como é que num clip [pequeno filme] de 10 segundos se vai arrumar o Evangelho?”, questionaram os delegados presentes no encontro.

“Penso que esta síntese não é de forma nenhuma trágica, mas é uma procura constante”, referiu António Rego, para quem a Igreja precisa de criar “muito mais linguagens novas para dizer coisas velhas”.

O sacerdote salientou que a Igreja precisa de “acelerar mais no campo digital”, nomeadamente em Portugal, país que “foi citado muitas vezes” na assembleia, em particular por causa de um vídeo comercial alusivo ao nascimento de Jesus, lançado no Natal de 2010, que “foi exibido, aplaudido, analisado e criticado pela sua narrativa”.

O Papa recebeu os participantes no primeiro dia do encontro, tendo aludido ao “cruzamento das lógicas do livro e do audiovisual, que se constituem praticamente como um só e se enriquecem mutuamente”, contou o responsável.

Para o sacerdote, a alocução de Bento XVI não escondeu a tensão entre a “frieza intelectual e sistemática” do livro e “a emoção, brevidade, síntese e fragmentação dos media”, mas ao mesmo tempo apelou à aproximação entre ambos.

António Rego revelou que está “praticamente pronto” um documento que vai actualizar a ‘Aetatis Novae’, instrução pastoral sobre as comunicações sociais publicada em 1992.

O texto, que terá em conta “não só as novas tecnologias mas também as novas mudanças antropológicas”, é especialmente destinado aos agentes pastorais, e também aos bispos, para que estes “acordem definitivamente” para a importância dos meios digitais na Igreja.

Esta tarde os participantes estudam as várias expressões da comunicação digital, reflectem sobre a visita de Bento XVI ao Reino Unido, realizada entre 16 e 19 de Setembro de 2010, e avaliam as estratégias que a Igreja tem usado nos novos media.

A assembleia plenária, dedicada ao tema ‘Linguagem e comunicação’, termina esta quinta-feira com a celebração da missa na basílica de São Pedro e a realização de um encontro para apresentação das conclusões e lançamento de perspectivas de futuro.

RM

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