Igreja/Sociedade: «Um cristão não se abstém», afirma bispo de Leiria-Fátima

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse que o ano de 2023 foi «dramático, penoso», mas gerador de «esperança» para a Igreja em Portugal

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Leiria, 20 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima disse que o povo português tem “manifestado uma maturidade muito grande”, que também se revela em “termos eleitorais”, as próximas eleições são dia 10 de março de 2024 e “um cristão não se abstém”.

“O que mais me preocupa é a abstenção, e tenho repetido muitas vezes: um cristão não se abstém. Pode cometer erros, mas abster-se é que não”, disse D. José Ornelas, na conferência de imprensa de apresentação da sua mensagem de Natal enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo de Leiria-Fátima afirma que “abstenção é deixar que outros pensem” e o facto de cada pessoa se pôr a pensar está “a ser solidário”: “Eu não tenho um país ideal mas tenho um país de que gosto e cujo futuro me preocupa, por isso estou lá, na medida em que tenho de participar”.

O responsável católico, que na mensagem de Natal refere-se à corrupção e à manipulação de informação, explica que “é para as eleições, é para tudo”, e afirma que se “exige, hoje em dia, uma capacidade crítica fundamental para desconstruir essas manipulações”.

As próximas eleições nacionais em Portugal são para a Assembleia da República, os portugueses são chamados a irem às mesas de voto em eleições legislativas antecipadas, no próximo dia 10 de março de 2024, e D. José Ornelas considera que a corrupção, a guerra, as dificuldades não podem servir de desculpa para a abstenção.

“Nem que fosse para pôr o voto em branco, ia dizer ‘estive aqui mas não encontrei espaço, venho dizer que estou cá’ e isto é muito importante”, acrescentou nas respostas aos jornalistas na Casa Episcopal, em Leiria.

O bispo diocesano salientou que o voto em branco e a abstenção “são muito distintas”, e explica que votar em branco significa que o eleitor está presente, está “ativo” e participa mas não encontrou espaço.

“Também não tenho nenhum partido ideal, nem nenhum país ideal, tenho de buscar soluções possíveis dentro do panorama que tenho mas vou participar ativamente para que isso seja possível”, realçou.

D. José Ornelas lembrou também que em 2024 Portugal vai comemorar os 50 anos do 25 de abril de 1974, “que se foi afirmando algo de novo”.

“É mais difícil de viver com as opiniões diferentes, mas é ai que é possível construir algo de novo e muitos querem voltar para trás porque acham que esse era o modelo em que tudo estava direitinho. Sim, nos cemitérios também estão todos direitos”, acrescentou.

O bispo que é também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacou que a Igreja Católica em Portugal em 2023 “viveu um ano de coisas muito interessantes, muito bonitas e geradoras de esperança”, como a edição internacional das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa, e o processo sinodal em curso, que “é libertar a Igreja daquilo que já sabe tudo, para dizer que há mais mundo e é preciso responder aos desafios”.

“Este foi o ano também de todo o drama, e diretamente confrontado, dos abusos de menores na Igreja; por um lado dramático, penoso mas para mim gerou esperança. A Igreja não volta a ser o que era há um ano, mas não é só a Igreja em Portugal creio que também a sociedade foi tal o impacto disto, e a Igreja é apenas uma pequena fatia”, desenvolveu D. José Ornelas.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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