Movimento de Singapura partilha a realidade laboral do país, onde os trabalhadores «continuam a registar longas jornadas todos os dias»
Lisboa, 07 out 2025 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) de Portugal assinala hoje, 7 de outubro, o Dia Mundial pelo Trabalho Digno, “um dia para comemorar as lutas e conquistas”, com uma mensagem do movimento em Singapura.
“É um dia para comemorar as lutas e conquistas do movimento operário e dos trabalhadores em todo o mundo. Este dia reconhece a luta histórica por salários justos, condições de trabalho seguras e justiça social. Cada membro do MMTC enfrenta problemas laborais próprios, decorrentes dos seus contextos culturais, geográficos, políticos e económicos”, escreve o Movimento de Trabalhadores Cristãos (MMTC) de Singapura.
Na mensagem para o Dia Mundial pelo Trabalho Digno 2025, que se comemora hoje, dia 7 de outubro, o MMTC de Singapura partilha a realidade do trabalho no seu país, que “está altamente regulamentado por leis” que estabelecem, por exemplo, “limites para horas extras, licenças médicas, anuais e parentais”.
“Recentemente, foram tomadas medidas para garantir pelo menos a proteção contra acidentes de trabalho para os trabalhadores de plataformas digitais de transporte. Os trabalhadores em Singapura continuam a registar longas jornadas de trabalho todos os dias. A disponibilidade constante faz parte das expectativas culturais do trabalho”, acrescenta.
O Movimento de Trabalhadores Cristãos de Singapura explica que as condições são “ainda piores para as trabalhadoras domésticas e os trabalhadores manuais”, na sua maioria migrantes, e indica que as trabalhadoras domésticas, “que são o eixo da economia do cuidado”, costumam trabalhar cerca de 18 horas por dia, os trabalhadores da construção civil, estaleiros e da indústria transformadora “trabalham normalmente entre 12 e 14 horas por dia, seis dias por semana”, e, em casos extremos, “alguns trabalham sem parar em turnos duplos ou triplos consecutivos”.
“Para os trabalhadores migrantes, os limites legais de horas extras têm sido, durante muitos anos, irrelevantes. Alguns motoristas dormem nos seus veículos e outros trabalhadores nos seus locais de trabalho, para economizar tempo de deslocamento e poder descansar mais”, alerta.

Os trabalhadores cristãos de Singapura identificam como “causa principal desta vulnerabilidade” diante de jornadas de trabalho extremas são “a pressão causada pelos baixos salários”, e pela falta de segurança no emprego, uma vez que o país não tem salário mínimo, “e as diretrizes não abrangem os trabalhadores migrantes”, os salários básicos de cerca de 300 dólares são comuns “numa cidade onde o custo de vida está entre os mais elevados do mundo”.
“A realidade de Singapura demonstra que o trabalho digno não pode ser alcançado apenas através do artifício superficial da legislação. O trabalho digno para todos requer abordar as causas profundas na sociedade e na economia, incluindo a economia informal e as normas culturais.”
Na sua mensagem, os Trabalhadores Cristãos de Singapura recordam que o Papa Francisco enfatizou “continuadamente a importância do trabalho digno e dos direitos dos trabalhadores”, defendeu práticas laborais justas e a proteção da dignidade do trabalhador, apelando a “reformas económicas que priorizassem o trabalho digno e os direitos da pessoa humana”.
CB/OC
![]() Esta iniciativa online (plataforma Zoom) tem como tema ‘Discutir a legislação laboral – Defender o Trabalho Digno’, e conta com as intervenções de Albertina Jordão (OIT/ Organização Internacional do Trabalho), Luisa Andias Gonçalves (FDUC/ Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), e o padre Pedro Lima, assistente nacional da LOC/MTC. |