Solidariedade: Sociedade de São Vicente de Paulo regista aumento de apoios a famílias migrantes e casos de solidão

Fernanda Capitão destaca importância de «ir de encontro às situações» e agir na realidade concreta das Conferências Vicentinas

Lisboa, 27 jan 2025 (Ecclesia) – A presidente nacional da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) afirmou que a missão dos membros das Conferências Vicentinas tem como “parte visível” a entrega de cabazes alimentares, mas vai para além disso, registando um aumento do apoio a “famílias imigrantes” e situações de solidão.

“Nós não consideramos os imigrantes um problema, consideramos um desafio que se coloca à nossa sociedade. Muitas vezes, nós somos a primeira linha nas paróquias, as pessoas encontram um quarto, encontram um sítio para morar”, indicou Fernanda Capitão, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A SSVP, com a sua rede, está “linha da frente” do apoio às situações de carência e emergência, e quando as pessoas os procuram “é porque ouviram dizer que há ali um grupo de pessoas que ajuda”.

Fernanda Capitão explica que no contacto com os imigrantes se torna prioritário o “encaminhamento e dar a conhecer as respostas que existem”, como os Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes – CLAIM, e “falar dos seus direitos, da legalização”, dos passos que têm que dar.

As Conferências Vicentinas que, apoiaram aproximadamente 50 mil pessoas em 2023, estão presentes em 19 das 21 dioceses católicas de Portugal; contam com 6350 vicentinos, 3745 subscritores e colaboradores.

A presidente nacional da SSVP alertou também para a situação das pessoas que trabalham, “e trabalham muitas vezes os dois elementos do agregado familiar”, e “não conseguem sustentar os filhos” devido aos custos de habitação, de rendas altas.

Não há dinheiro para a alimentação na escola, muitas vezes, não há dinheiro para a medicação quando há uma situação de doença, e tem que ser estudada caso a caso. Algo que também faz parte do nosso carisma é ir de encontro às situações, sejam elas quais forem, e agir no concreto da realidade onde estão as Conferências Vicentinas”.

Segundo Fernanda Capitão, os grupos da Sociedade de São Vicente de Paulo têm de perceber como é que podem ajudar cada realidade, seja “uma comunidade grande de migrantes”, “mais famílias idosas”, para além do “desafio” da “questão da solidão, do problema de saúde mental”.

A presidente da SSVP em Portugal salienta que conhecem “as histórias de vida, os sofrimentos, as dores” das pessoas e criam “uma relação de amizade e de confiança que permite ir ao encontro”, num serviço aos outros que tem como “parte visível a entrega de cabazes alimentares”, “como um pretexto de estar com as pessoas”, numa missão que também “é evangelizar e é escutar”.

“O pagamento de despesas de água, de luz ou de gás tornou-se essencial e percebemos que tínhamos que seguir esse caminho porque as dificuldades com a habitação são muitas. Os apoios na renda, às vezes, pagamento de empréstimos, vamos procurando envolver a comunidade”, explicou, sobre um trabalho “primeiro dentro da própria Conferência Vicentina”, mas que envolve as comunidades, que “têm que ter conhecimento das situações de pobreza que exigem ao lado”.

Não só pobreza material. Muitas vezes são as pessoas que estão em situação de solidão, que estão sozinhas em casa, que não podem sair. São pessoas que vão desenvolvendo depressões, problemas de saúde mental. E só através deste ir, deste conhecer, é que temos a oportunidade de ir detetando e ir sinalizando estas situações”.

As Conferências Vicentinas sentem “muito” a sua importância por serem uma “primeira linha de apoio”, e, depois, pelo carisma da caridade, “olhar à pessoa como um todo, não julgando, às vezes, determinados problemas que a sociedade julga”, num trabalho de devolver, “muitas vezes, a dignidade que perderam ao longo da vida”.

Fernanda Capitão destaca que caridade e justiça “caminham lado a lado”, por isso, a luta pela justiça social e a denúncia é algo que têm que fazer, acrescentou em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

PR/CB/OC

Foto: Sociedade de São Vicente de Paulo

A Sociedade de São Vicente de Paulo foi fundada em 1833, em Paris (França), por Frederico Ozanan, jovem estudante, que foi beatificado pelo Papa São João Paulo II, em 1997.

Em Portugal, a SSVP celebrou 165 anos de serviço, no dia 27 de outubro de 2024, a primeira Conferência Vicentina foi criada a 31 de outubro de 1859, na igreja de São Luís, em Lisboa; em 1976, foi fundado o Conselho Nacional, que resultou da fusão dos Conselhos Superiores Masculino e Feminino Portugueses.

A Sociedade de São Vicente de Paulo, que tem como estruturas-base as Conferências de São Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas, é um movimento católico de leigos apoia-se nos princípios da justiça, da solidariedade e da caridade.

A presidente da SSVP em Portugal explica que quem quiser encontrar um grupo deste movimento paroquial, para das paróquias, também encontra informações nas Juntas de Freguesia, porque “há uma ligação muito próxima nas localidades entre a paróquia e a junta de freguesia que reconhece este trabalho dos Vicentinos de proximidade, de estar no terreno”.

O Programa ECCLESIA, espaço da Igreja Católica em Portugal na RTP2, está a partilhar projetos que cultivam a esperança em cada dia e junto de todas as pessoas, às segundas-feiras, no contexto do Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, com o tema ‘Peregrinos de Esperança’, proclamado pelo Papa Francisco na bula intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana) (24 de dezembro de 2024 – 6 de janeiro de 2026).

 

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